A adoção de um discurso mais protecionista por parte de Donald Trump voltou a colocar o Canadá e outros parceiros comerciais no centro das atenções globais. O ex-presidente dos Estados Unidos, cotado como favorito entre os republicanos nas eleições de 2024, voltou a ameaçar impor tarifas sobre produtos estrangeiros.
Ao mesmo tempo, no Brasil, o desempenho do setor de serviços chama atenção dos analistas econômicos. Os dados mais recentes acendem alertas sobre a força da recuperação da atividade interna e seu impacto na economia como um todo.
O que você vai ler neste artigo:
Novas ameaças tarifárias de Trump e impactos esperados
As recorrentes declarações de Donald Trump sobre proteger a indústria americana por meio de tarifas alfandegárias voltaram a provocar movimentações no mercado. Em sua retórica mais recente, ele sugeriu que poderia impor novas tarifas sobre produtos canadenses. O país é o terceiro maior parceiro comercial dos Estados Unidos, ficando apenas atrás da China e do México, segundo dados do Departamento de Comércio dos EUA.
A imagem mais recente divulgada pelos veículos de imprensa mostra Trump discursando novamente em tom nacionalista, mirando parceiros históricos. A proposta de um imposto uniforme de 10% sobre todos os bens importados preocupa autoridades e setores da indústria no Canadá, que já enfrentaram experiências semelhantes durante sua presidência anterior.
Especialistas apontam que potenciais sanções econômicas podem gerar efeitos em cadeia, inclusive sobre o Brasil, principal fornecedor de produtos como aço e alumínio aos EUA. Um novo ciclo tarifário nos moldes daquele visto entre 2018 e 2020 poderia abalar previsões otimistas de crescimento global em um momento em que o comércio mundial ainda tenta se recuperar totalmente do impacto da pandemia.
Além das tarifas em si, o discurso acirrado de Trump tende a reorientar as posições estratégicas de países aliados, forçando negociações bilaterais mais duras e reavaliação de acordos existentes, como o USMCA (acordo entre Estados Unidos, México e Canadá) e tratados com a União Europeia.
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Desempenho do setor de serviços aponta para desaceleração no Brasil
No front doméstico, os dados divulgados pelo IBGE sobre o setor de serviços brasileiro chamaram a atenção nesta semana. De acordo com o levantamento, o segmento apresentou retração de 0,9% em abril na comparação com março, no resultado mais fraco desde agosto de 2023.
Esse recuo interrompe uma sequência de três altas consecutivas e sugere que a recuperação dos serviços possa estar perdendo fôlego. O setor representa cerca de 70% do PIB brasileiro e é um importante termômetro da atividade econômica, especialmente no consumo das famílias e na geração de empregos.
Entre os fatores que explicam o desempenho mais fraco estão:
- Recuo nos serviços de transporte e armazenagem, afetados pela redução no volume de cargas;
- Serviços prestados às famílias, que enfrentaram leve queda em meio ao efeito da inflação sobre o consumo;
- Crescimento mais tímido em turismo e eventos, impactado pela sazonalidade do período.
Outro ponto relevante é que a retração foi registrada mesmo com inflação em desaceleração e taxas de juros em queda — o que teoricamente estimularia o consumo. Isso revela que parte da população ainda encontra dificuldades em retomar padrões de gastos pré-pandemia.
Analistas começam a revisar para baixo suas projeções para o PIB do segundo trimestre, apostando em um avanço mais comedido da economia. Essa leitura pressiona ainda mais um Banco Central já cauteloso em seu ritmo de redução da Selic.
Reações do mercado e perspectiva econômica global
As ameaças protecionistas oriundas dos EUA e os sinais de desaceleração interna têm feito o mercado financeiro demonstrar cautela. Na última sessão, o dólar apresentou leve alta ante o real, enquanto a bolsa brasileira operou em queda, refletindo o nervosismo com o cenário externo e interno.
As projeções econômicas para o segundo semestre ganham mais incertezas, tanto no Brasil quanto em outros países emergentes. De um lado, a disputa eleitoral nos EUA intensifica os riscos geopolíticos e afeta estratégias comerciais. De outro, o arrefecimento da atividade no Brasil levanta dúvidas sobre a capacidade do crescimento manter ritmo sustentável.
Economistas destacam que o cenário atual exige atenção redobrada de formuladores de políticas públicas e agentes do mercado. Com a economia global em um possível ponto de inflexão, decisões equivocadas podem agravar a instabilidade.
Enquanto isso, investidores devem acompanhar de perto os próximos movimentos de Trump e o desempenho dos setores produtivos no Brasil. O equilíbrio entre política internacional e fundamentos internos será determinante para os rumos da economia brasileira nos próximos meses.
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