J&F recompra Eldorado e encerra disputa judicial

A J&F Investimentos anunciou um movimento estratégico bilionário ao recomprar a participação da rival Paper Excellence na Eldorado Brasil Celulose. Foram pagos à vista cerca de R$ 15 bilhões, encerrando uma disputa societária que já se arrastava desde 2017.

A transação não apenas resolve um dos maiores litígios empresariais do país, como também devolve à J&F o controle total da Eldorado, uma gigante do setor de celulose com operação estratégica em Três Lagoas (MS).

Recompra encerra disputa de anos no setor de celulose

A operação, anunciada por meio de comunicado conjunto entre as companhias, envolve a aquisição de 49,41% das ações da Eldorado Brasil Celulose, pertencentes à Paper Excellence. O valor da transação foi fixado em US$ 2,64 bilhões– ou cerca de R$ 15 bilhões–, pagos integralmente à vista pela J&F, holding comandada pelos irmãos Joesley e Wesley Batista.

Com isso, a J&F volta a ser dona de 100% do capital da Eldorado, pondo fim a uma batalha judicial que teve início em 2017. Na época, a holding brasileira havia anunciado a venda da Eldorado para a multinacional controlada pelo empresário indonésio Jackson Wijaya. No entanto, divergências no cumprimento dos termos contratuais resultaram em um impasse que culminou em processos judiciais e arbitrais ao longo de quase sete anos.

Disputa que marcou o ambiente corporativo brasileiro

Desde a assinatura do contrato de venda, em 2017, até esta recompra, os conflitos entre as duas empresas envolviam questões como a forma do pagamento, cumprimento de cláusulas contratuais e aprovação por órgãos reguladores. A tentativa frustrada de transferir o controle da Eldorado acabou gerando uma batalha jurídica tensa e prolongada, inclusive com arbitragens internacionais.

Com o desfecho anunciado, todos os trâmites judiciais e arbitrais são oficialmente encerrados, conforme destacaram ambas as companhias em nota à imprensa. A definição da disputa representa também um alívio ao ambiente de negócios brasileiro, que presenciava com atenção os desdobramentos de um dos embates empresariais mais complexos da década.

Eldorado volta ao centro da estratégia da J&F

A reaquisição total da Eldorado reforça o foco estratégico da J&F no segmento industrial. A companhia celulose detém uma das maiores fábricas de celulose branqueada de eucalipto do mundo, localizada em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul. A planta possui capacidade instalada de 1,8 milhão de toneladas/ano, consolidando a Eldorado como um ativo altamente valioso.

O grupo J&F aproveitou o desfecho para reforçar a confiança em ativos nacionais. Em comunicado, destacou que “com esse investimento, a J&F demonstra sua confiança no Brasil e na Eldorado”. Além disso, há expectativas de que a operação resulte em novos planos de expansão e modernização industrialnos próximos anos.

Paper Excellence seguirá atuando no setor globalmente

Do outro lado da negociação, a Paper Excellence também divulgou sua visão após o encerramento do conflito. A empresa afirmou que continuará explorando novas oportunidades no setor de papel e celulose, onde já possui presença significativa em mercados como Canadá, Ásia e Estados Unidos.

A companhia reforçou ainda que vê a saída da Eldorado como parte de uma decisão estratégica em sua atuação global, mantendo o foco em diversificação geográfica e crescimento sustentável de suas operações já consolidadas.

Impactos e projeções para o setor

Este movimento de recompra e resolução de litígio pode gerar efeitos sensíveis em todo o setor de papel e celulose. Entre os possíveis impactos estão:

• Consolidação de ativos industriais no Brasilsob controle nacional;
• Redução de incertezas jurídicas, o que pode atrair mais investimentos ao setor;
• Reforço da posição da Eldoradoentre as maiores produtoras globais de celulose de eucalipto;
• Reposicionamento estratégico da Paper Excellence, potencialmente ampliando sua atuação em outras regiões.

Analistas veem a decisão como um sinal de amadurecimento do ambiente de negócios brasileiro e destacam que o desfecho pode abrir espaço para novos investimentos estruturantesem uma indústria essencial para a balança comercial do país.