Preço do petróleo cai com possível aumento de produção da Opep+

Após semanas de relativa estabilidade nos preços da commodity, o mercado de petróleo registrou forte recuo nesta quarta-feira (3), com perdas superiores a 2%. A possibilidade de um novo aumento na produção por parte da Opep+ pressionou os investidores e ampliou a volatilidade.

Esse movimento ocorre em meio à expectativa da reunião marcada para o próximo domingo (7), na qual o cartel avalia reverter cortes de oferta antes do cronograma inicial.

Redução acentuada nos contratos futuros

Os principais contratos futuros da commodity encerraram o dia em queda expressiva. O Brent, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), recuou 2,22%, sendo cotado a US$ 67,60 por barril. Já o WTI, referência no mercado norte-americano, caiu 2,47% na New York Mercantile Exchange (Nymex), encerrando o pregão a US$ 63,97 por barril.

Essa deterioração reflete um movimento defensivo do mercado diante das expectativas em torno da política de oferta da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), que pode ampliar a liberação de barris ao mercado global.

Quer impactar quem entende de finanças?

Divulgue sua marca em um site focado em finanças, investimentos e poder de compra.

Reversão antecipada nos cortes

A reunião do grupo liderado pela Arábia Saudita e pela Rússia gera intensa expectativa. Segundo informações da agência Reuters, a Opep+ estuda acelerar a reversão dos cortes de produção de 1,65 milhão de barris por dia — uma medida que representa cerca de 1,6% da demanda global.

Originalmente, a recomposição plena da oferta estava prevista para ocorrer apenas em 2025. No entanto, com os preços se mantendo acima de US$ 60, países produtores consideram que há espaço para antecipar esse cronograma. A medida atenderia à demanda crescente de mercados em recuperação, mas também pode provocar novo desequilíbrio entre oferta e demanda.

Estoques e perspectiva de estabilidade

Apesar do recuo dos preços, analistas apontam que há resistência à queda abaixo de US$ 60 por barril. Isso sugere que o mercado ainda lida com estoques apertados, o que, em tese, limita a continuidade das perdas.

Segundo Phil Flynn, do Price Futures Group, os estoques globais continuam em níveis relativamente baixos, o que pode ajudar a conter a volatilidade. O próximo relatório do Instituto Americano de Petróleo (API), previsto para os próximos dias, pode indicar nova queda nos estoques comerciais dos EUA, um fator que tende a oferecer algum suporte aos preços no curto prazo.

Impactos no mercado e reações

O temor de uma crescente oferta no mercado coincide com um cenário global ainda sensível, onde fatores geopolíticos seguem influenciando as operações. Regiões como o Oriente Médio e a Rússia continuam sob observação constante por possíveis mudanças que afetem a estabilidade do fornecimento.

Além disso, a valorização do dólar e o fraco desempenho industrial de grandes consumidores, como China e Europa, também pesam sobre a confiança dos investidores. Por outro lado, o comportamento da demanda norte-americana, particularmente no setor de transportes, pode suavizar os impactos negativos esperados em função da oferta.

Expectativas para os próximos dias

O foco do mercado segue voltado para a reunião do dia 7 e para os dados semanais do API, que alimentam projeções de curto prazo. Se a Opep+ confirmar a reversão antecipada dos cortes, é possível que os preços enfrentem novas instabilidades.

Entretanto, múltiplos fatores ainda precisam ser considerados, como o ritmo da recuperação econômica global e a dinâmica da inflação em grandes economias. Mesmo com a queda registrada nesta sessão, não está descartado um movimento de correção nos preços, caso os fundamentos permaneçam sustentáveis.

O cenário, portanto, continua incerto e sujeito a mudanças rápidas, a depender das decisões do cartel e da resposta do mercado às novas projeções de oferta e consumo mundiais.

Leia também:

Publicações relacionadas

Bolsas globais reagem a dados dos EUA e julgamento no STF

Petróleo em alta impulsionado por tensões geopolíticas

Ouro atinge recorde com dólar enfraquecido e alta demanda global