Os contratos futuros de ouro alcançaram um novo patamar histórico, superando os US$ 3.500 por onça-troy em meio à expectativa de cortes nas taxas de juros nos Estados Unidos e à fraqueza do dólar. A alta tem sido acompanhada de forte movimento de compra por parte dos bancos centrais.
Esses fatores têm atraído investidores para o metal precioso, tradicionalmente visto como um ativo de proteção. O cenário de incertezas econômicas e tensões geopolíticas também impulsiona a busca por segurança.
O que você vai ler neste artigo:
Revés no dólar e política monetária apoiam alta
A queda do dólar no mercado internacional tem sido um dos principais motores da valorização do ouro. Como a commodity é cotada na moeda norte-americana, um dólar mais fraco aumenta seu apelo, sobretudo em mercados emergentes, ao torná-lo mais acessível.
Além disso, as expectativas crescentes de cortes nas taxas de juros nos Estados Unidos incentivam aplicações em ativos sem rendimento, como o ouro. Juros mais baixos reduzem o custo de oportunidade de se manter ouro, que não oferece juros nem dividendos, e favorecem o deslocamento de capital de títulos do Tesouro americano para o metal.
Segundo analistas do banco UBS, essa tendência é reflexo direto da política do Federal Reserve. O mercado já precifica cortes mais vigorosos após o período de aperto monetário para controlar a inflação, o que impacta na curva de juros e reduz o rendimento dos Treasuries.
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Bancos centrais mantêm apetite por ouro
Outro fator determinante na escalada do ouro é a demanda histórica de bancos centrais, que vêm ampliando suas reservas do metal como forma de diversificação e proteção. Esse movimento já vinha ganhando força nos últimos anos, mas voltou com mais intensidade em 2024.
Na visão do UBS, esse comportamento pode ser interpretado como uma tentativa de independência dos bancos centrais em relação ao sistema financeiro conduzido pelos Estados Unidos. Diferentemente dos Treasuries, o ouro representa um ativo físico e não está sujeito ao controle direto do Tesouro americano.
A crescente instabilidade global e a necessidade de preservar valor diante de uma economia mais fragmentada também contribuem para essa estratégia. Não por acaso, países com economias dependentes do comércio externo ou em desenvolvimento intensificaram as aquisições nos últimos trimestres.
Investidores buscam segurança em cenário geopolítico conturbado
Enquanto isso, a intensificação de tensões geopolíticas, como os conflitos no Leste Europeu e disputas tarifárias entre grandes potências, leva muitos investidores institucionais a reforçarem sua exposição ao ouro.
Além disso, a atmosfera de incerteza nos mercados de ações e a aversão ao risco diante de dados econômicos mistos incentivam a busca pelo metal como reserva de valor. A volatilidade nos ativos de renda variável e as incertezas em torno de decisões de política fiscal e comercial tornam o ouro ainda mais atrativo.
Este movimento é ecoado também por fundos de hedge e grandes investidores, que veem o metal como um "porto seguro" em períodos de turbulência. A cada nova deterioração no ambiente político ou econômico, renova-se o fôlego para os preços do ouro em altas sucessivas.
Reflexo nas Bolsas e impacto futuro
Com o ouro em valorização, há reflexos diretos nas carteiras de investimento e nas estratégias de alocação dos gestores de recursos. Por outro lado, esse movimento também levanta preocupações sobre o rumo da economia real ao sinalizar perda de confiança nos instrumentos tradicionais de dívida soberana.
Investidores recalibram riscos, favorecendo ativos reais e se distanciando de papéis temáticos ou altamente expostos à política monetária norte-americana. Caso os cortes de juros esperados se concretizem, a tendência é de que o metal continue ganhando espaço como proteção inflacionária nos próximos meses.
Adicionalmente, se bancos centrais mantiverem o ritmo de aquisições e o ambiente internacional seguir marcado por tensões políticas e econômicas, novos recordes não podem ser descartados. Nesse contexto, o ouro volta a cumprir um papel central como medidor de confiança do mercado global.
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