Mubadala avalia fechar capital da Zamp

O fundo soberano de Abu Dhabi, Mubadala, está avaliando uma possível oferta pública de aquisição (OPA) para fechar o capital da Zamp. A empresa é responsável pelas redes Burger King e Popeyes no Brasil.

A medida ampliaria o controle do Mubadala sobre os negócios da companhia, hoje marcada por uma reestruturação em curso e desafios no mercado de alimentação.

Estratégia do Mubadala para a Zamp

O Mubadala já detém uma posição significativa na Zamp após adquirir mais de 50% dos papéis, consolidando-se como acionista controlador. Agora, com uma eventual OPA, o movimento sinaliza a intenção de levar a empresa à condição de companhia fechada, fora da Bolsa de Valores.

Na prática, isso permitirá ao fundo conduzir os rumos da operação com maior liberdade estratégica. A simplificação da estrutura de capital e a eliminação de pressões do mercado financeiro são pontos atrativos para reverter resultados e promover crescimento.

Além disso, com a Zamp fora do radar da CVM e sem as exigências regulatórias da B3, o Mubadala teria maior flexibilidade para reorganizações internas e novos investimentos, inclusive em tecnologias e expansão territorial.

Desempenho recente da Zamp

O último balanço da Zamp mostrou que a companhia encerrou o ano de 2023 com prejuízo líquido de R$ 94,7 milhões, refletindo custos operacionais elevados, inflação nos insumos e um consumo mais contido por parte dos brasileiros.

Apesar do espaço de crescimento da marca Popeyes no país e de uma série de iniciativas para melhorar margens no Burger King, os resultados indicam que a empresa ainda tem um longo caminho até se tornar rentável de forma consistente.

A presença de um controlador com forte músculo financeiro, como o fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos, poderia ser decisiva para alterar esse cenário e acelerar as recuperações.

Processo da OPA e próximos passos

Até o momento, o Mubadala informou que está apenas avaliando a possibilidade e que não há certeza de que a oferta venha a ocorrer. Contudo, caso decida formalizar a operação, o fundo deverá registrar a OPA junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), detalhando o preço proposto por ação e os termos da aquisição.

O fechamento de capital exige a aquisição de no mínimo dois terços das ações em circulação (free float), condicionando o sucesso da operação à adesão dos demais acionistas. Uma eventual valorização no preço por ação, acima do valor de mercado atual, pode ser determinante para o êxito da proposta.

Se confirmada, a OPA pode ocorrer ainda em 2024, alinhando-se a uma tendência de empresas brasileiras e estrangeiras que têm optado por sair da Bolsa diante de condições adversas no mercado de capitais.

Reações do mercado e perspectivas

O mercado reagiu com relativa estabilidade à notícia da possível OPA. No pregão subsequente ao anúncio, os papéis da Zamp (ZAMP3) operaram com leve alta, refletindo a percepção de que uma eventual oferta pode trazer retornos direcionados aos acionistas minoritários, após um longo período de estagnação das ações.

Analistas apontam que o fechamento de capital permitiria à Zamp reestruturar suas frentes com mais autonomia, algo difícil em ambiente público, sob escrutínio constante de investidores e órgãos reguladores.

Ainda assim, há atenção quanto à avaliação de preço por ação que poderá ser apresentada. A opinião independente de uma consultoria sobre o valor justo da companhia será um fator importante no desenrolar do processo.

A proposta, se concretizada, pode marcar uma nova fase para a Zamp no Brasil, com mudanças profundas na gestão e possível aceleração no portfólio de restaurantes próprios e franqueados.