A quinta-feira é marcada por menor liquidez nos mercados, em razão do feriado do Dia da Independência nos Estados Unidos. Ainda assim, os investidores acompanham com atenção a divulgação do relatório de empregos norte-americano, o chamado "payroll", que pode influenciar expectativas sobre juros.
No Brasil, os ruídos entre o governo e o Congresso continuam a repercutir. A tensão fiscal e os impasses sobre projetos econômicos permanecem como fatores determinantes para a direção dos ativos locais.
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'Payroll' reforça expectativa sobre juros nos EUA
Mesmo com os mercados americanos operando em regime reduzido por conta do feriado de 4 de julho, o relatório de criação de empregos não-agrícolas nos Estados Unidos — o payroll — concentra boa parte do foco dos investidores nesta quinta-feira. A expectativa gira em torno dos dados de junho, que ajudarão a calibrar as projeções para a política monetária do Federal Reserve (Fed).
Os últimos indicadores de mercado de trabalho têm apresentado resiliência, o que dificulta uma virada clara na política de juros do Fed. Caso o relatório mostre um ritmo acima do esperado na criação de empregos, pode reforçar o argumento de manutenção dos juros altos por mais tempo. Os analistas consideram o payroll uma peça-chave para entender os próximos passos na condução da taxa básica de juros americana, atualmente entre 5,25% e 5,50%.
Além disso, o dado ganha ainda mais relevância após declarações recentes de dirigentes do Fed, que têm adotado tom cauteloso mesmo diante de sinais de arrefecimento na inflação em alguns segmentos. Investidores seguem atentos para captar qualquer nuance que indique uma possível flexibilização na segunda metade do ano.
A expectativa do mercado é de que tenham sido criados cerca de 190 mil novos postos de trabalho, com taxa de desemprego em leve recuo ou estabilidade. Números acima ou abaixo desse patamar devem provocar reações imediatas nos juros futuros e nos mercados globais, mesmo em meio à liquidez reduzida.
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Tensão entre governo e Congresso eleva cautela no Brasil
No cenário doméstico, a relação entre o Planalto e o Congresso segue pressionando os preços dos ativos. Os ruídos políticos aumentaram após a entrega aos parlamentares de partes da proposta de emenda constitucional (PEC) que trata da compensação aos estados pelas perdas com a desoneração da folha de pagamentos. O governo busca estabelecer um acordo dentro do novo regime fiscal, mas enfrenta resistência entre lideranças do Legislativo.
A falta de consenso sobre medidas que poderiam impactar o Orçamento da União coloca pressão sobre o compromisso com a meta de déficit primário zero em 2024, estabelecida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Economistas e agentes de mercado observam com apreensão esse embate, que pode comprometer o equilíbrio fiscal esperado no novo arcabouço.
Além disso, a tensão influi diretamente na tramitação de pautas essenciais como a reforma tributária, cujo segundo turno de votação na Câmara ainda não tem data definida. Reações no mercado de juros e no câmbio têm refletido esse ambiente de instabilidade institucional. O dólar voltou a subir nos últimos dias, enquanto os juros futuros voltaram a embutir prêmios de risco mais altos.
Paralelamente, o índice Ibovespa opera com oscilações moderadas, influenciado tanto pelo ambiente externo quanto pela dinâmica política interna. A percepção é de que o avanço ou o travamento da agenda econômica pode ser decisivo para a recuperação de ativos brasileiros ainda no segundo semestre.
Mercados operam com menor volume, mas voláteis
Nesta quinta, o volume de negociação é naturalmente mais reduzido devido ao feriado de 4 de julho — data da Independência dos Estados Unidos — o que afeta tanto as bolsas americanas quanto a operação de relevantes players globais. Ainda assim, devido à relevância dos dados econômicos a serem divulgados, a volatilidade pode se manter acentuada em momentos de reação aos indicadores.
O mercado de câmbio tende a registrar movimentos mais abruptos nessas condições, enquanto investidores locais atuam com postura mais cautelosa, evitando grandes posições devido à incerteza política e fiscal. A aversão ao risco tende a prevalecer até que o governo forneça sinais mais claros de controle sobre as contas públicas e de avanço na articulação política.
No Brasil, o desempenho do Ibovespa nas últimas sessões já indica maior seletividade dos investidores, com movimentos concentrados em empresas que podem se beneficiar de um ciclo de queda de juros, ou que apresentem resiliência a cenários macroeconômicos adversos. O foco segue nos próximos passos do Banco Central, sobretudo diante da escalada da curva de juros.
Já o mercado de renda fixa permanece pressionado, com grande interesse nas falas de indicados à diretoria do Banco Central e em repercussões parlamentares sobre o futuro da meta fiscal. Nesse cenário, o ambiente se mantém frágil, com possibilidade de novos ajustes de portfólio dependendo do avanço das pautas em Brasília.
Reflexos para os próximos dias
Com o payroll divulgado, mesmo em meio ao feriado nos EUA, os mercados devem começar a precificar mais claramente as apostas para o futuro dos juros americanos. A reação ampla a esses números deve ganhar corpo na sexta-feira, quando as bolsas de Nova York retomam as atividades de forma regular.
No Brasil, a atenção permanece voltada para a evolução das negociações entre Executivo e Legislativo. A avaliação é de que, sem estabilidade política mínima, será difícil avançar em reformas e manter a confiança dos investidores. A sinalização estratégica do governo, tanto por meio do Ministério da Fazenda quanto internamente no Congresso, será vital para guiar o humor dos mercados brasileiros nas próximas semanas.
Combinados, os dados do mercado de trabalho americano e as incertezas políticas domésticas estabelecem um ambiente de precaução. Investidores seguem atentos ao desenrolar desses dois fatores para posicionar suas carteiras diante de um semestre que promete ser decisivo nos rumos da economia brasileira e global.
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