Na manhã desta quarta-feira, os efeitos da proximidade do feriado de Independência dos Estados Unidos já se fazem sentir nos mercados internacionais. Os investidores aguardam com expectativa o relatório oficial de emprego americano, o “payroll”, um dos principais termômetros da política monetária conduzida pelo Federal Reserve (Fed).
No Brasil, o ambiente político e fiscal segue no radar. A tensão em torno do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), após embate entre Executivo e Legislativo, pressiona os mercados locais e eleva a percepção de risco no cenário fiscal.
O que você vai ler neste artigo:
Expectativa pelo payroll movimenta mercado global
O payroll, considerado o mais relevante indicador macroeconômico da semana, ganha ainda mais importância em um momento de incertezas sobre os rumos da política monetária do Fed. Qualquer sinal de desaceleração no mercado de trabalho americano poderá alimentar apostas em cortes de juros ainda em julho.
Às 8h, os índices futuros de Nova York exibiam variação próxima à estabilidade, refletindo a postura de cautela dos investidores diante de um pregão encurtado pelo feriado do 4 de julho. O índice DXY, que mede a força do dólar frente às principais moedas desenvolvidas, recuava levemente 0,01%, situando-se no nível de 96,77 pontos.
Segundo economistas do ING, a moeda americana ainda pode recuar mais. Como pontua Chris Turner, economista-chefe da instituição, uma surpresa negativa no payroll poderia enfraquecer a estratégia do presidente do Fed, Jerome Powell, e favorecer antecipações na redução da taxa básica.
Esse cenário já se refletiu na véspera, quando o dólar comercial caiu 0,74%, encerrando cotado a R$ 5,4206 – o menor nível desde agosto de 2023. A desvalorização da moeda americana foi impulsionada por dados mais fracos do setor privado dos EUA e otimismo global com ativos brasileiros, em razão dos juros elevados e menor apetite por exposição ao mercado americano.
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Tensão com IOF eleva incerteza fiscal no Brasil
No ambiente doméstico, a crise em torno do aumento do IOF tem gerado maior instabilidade. A decisão do Congresso de barrar a alta proposta pelo governo levou o Executivo a recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF), o que ampliou o choque institucional. Agora, ministros da Corte estudam intermediar uma possível conciliação.
A disputa evidencia as dificuldades do governo em consolidar a arrecadação sem agravar as tensões políticas e fiscais. O imbróglio pode comprometer a previsibilidade fiscal e elevou os prêmios na curva de juros futuros, especialmente nos vencimentos mais longos.
Na sessão anterior, o Ibovespa cedeu 0,36%, encerrando aos 139.051 pontos, pressionado pela elevação dos juros futuros. A percepção de risco fiscal crescente e o ambiente político conturbado levaram os investidores a reduzir a exposição a ativos de renda variável.
O governo, por sua vez, tenta recompor pontes com o Legislativo. Interlocutores vêm trabalhando para retomar o diálogo direto com lideranças do Congresso, em especial com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). A ideia é evitar um impasse que comprometa ainda mais a governabilidade e a agenda econômica.
Mercado segue atento a desdobramentos locais e globais
Apesar do volume reduzido nos EUA devido ao feriado, os mercados seguem atentos à divulgação do payroll, que deve ocorrer ainda nesta quinta-feira. O número pode ser determinante para a próxima reunião do Fed e influenciar o comportamento do dólar globalmente.
Enquanto isso, no Brasil, os agentes financeiros acompanham não apenas o embate sobre o IOF, mas também as articulações do governo para reequilibrar a relação com o Congresso. A combinação entre risco fiscal elevado e volatilidade externa aumentam a cautela dos investidores.
Com a aproximação das eleições presidenciais e a dificuldade em garantir equilíbrio orçamentário, temas como o IOF ganham peso simbólico e prático. Qualquer passo em falso pode gerar mais pressão sobre os juros, câmbio e bolsa nas próximas semanas.
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