O mercado financeiro iniciou a semana em compasso de espera, com os investidores atentos às decisões de política monetária nos Estados Unidos e no Brasil. O desempenho fraco do dólar globalmente adiciona novos elementos ao cenário de cautela.
Nesse ambiente, o foco recai sobre possíveis mudanças nas taxas de juros e nas sinalizações sobre a trajetória da inflação nos dois países. A expectativa é de maior volatilidade conforme se aproximam os comunicados do Fed e do Copom.
O que você vai ler neste artigo:
Expectativas para as decisões do Fed
O Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), nos Estados Unidos, anunciará nesta quarta-feira (12) sua nova decisão sobre a taxa básica de juros. Embora a manutenção dos atuais níveis entre 5,25% e 5,50% seja amplamente esperada, a atenção está voltada para o comunicado pós-reunião e para o gráfico de pontos ("dot plot"), que podem indicar quando o Federal Reserve começará a cortar os juros.
A inflação norte-americana, que segue acima da meta oficial de 2%, tem mostrado sinais mistos nos últimos meses. Em maio, por exemplo, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) desacelerou para 0,3%, abaixo da expectativa de 0,4%. Mesmo assim, o núcleo da inflação permanece elevado, o que dificulta uma mudança imediata de postura da autoridade monetária.
Além disso, o relatório de empregos (payroll) publicado na última sexta-feira (7) surpreendeu com a criação de 272 mil postos de trabalho em maio, superando com folga a expectativa de 180 mil. Estes dados reforçam o argumento de que o mercado de trabalho ainda pressiona a inflação, exigindo cautela do Fed.
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Copom deve cortar Selic, mas ritmo preocupa
No Brasil, as atenções estão voltadas para a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada também para esta quarta-feira (12). A tendência majoritária entre analistas aponta para um novo corte de 0,25 ponto percentual na taxa Selic, levando-a de 10,50% para 10,25% ao ano.
Entretanto, a desaceleração no ritmo de cortes vem sendo motivo de debate. Desde março de 2023, a Selic já caiu cinco pontos percentuais, mas a inflação persistente e os ruídos fiscais colocam em dúvida a continuidade dessa trajetória. O IPCA de maio será divulgado na manhã de terça-feira (11), podendo influenciar na decisão final do colegiado.
Analistas acreditam que o Comitê dará maior peso à elevação das expectativas inflacionárias para 2025, que, segundo o último Boletim Focus, subiram para 3,91%, acima da meta de 3%. O risco fiscal também segue no radar, com o governo ainda pressionado a apresentar medidas concretas de controle de gastos.
Dólar enfraquecido e impacto nos mercados
O comportamento do dólar no cenário internacional também influencia as decisões locais. A moeda norte-americana vem sofrendo pressão de baixa, refletindo a percepção de que o ciclo de juros nos EUA está próximo do fim. Esse movimento se intensificou após dados mais fracos na indústria e no consumo norte-americano.
No mercado doméstico, o real tem se beneficiado dessa dinâmica, com o dólar operando abaixo dos R$ 5,30 nos últimos pregões. Um dólar mais fraco tende a reduzir pressões sobre a inflação importada e pode favorecer a continuidade do ciclo de queda da taxa básica no Brasil.
Contudo, o alívio cambial pode ser temporário, caso haja frustração nas expectativas relacionadas às decisões do Fed e do Copom. Volatilidade não está descartada, sobretudo se o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, for mais duro ("hawkish") do que o esperado.
Reações dos ativos financeiros
Com a aproximação dos anúncios, os principais ativos brasileiros operam em território misto. O Ibovespa mostrou instabilidade nas primeiras horas desta segunda-feira (10), refletindo incertezas internas e externas. Papéis mais sensíveis à política de juros, como construtoras e varejistas, registraram ganhos moderados na expectativa de Selic mais baixa.
O mercado de juros futuros, por outro lado, apresenta leve inclinação, com os contratos de médio e longo prazos precificando uma menor expectativa de cortes adicionais ao longo do ano. Já a curva de juros norte-americana se ajusta de acordo com os dados mais recentes de emprego e inflação, influenciando diretamente o apetite por risco nos mercados emergentes.
As próximas 48 horas serão decisivas para calibrar o humor dos investidores. O conteúdo e o tom das mensagens de Brasília e Washington terão papel determinante no comportamento dos mercados nos dias seguintes.
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