Inflação nos EUA e Brasil e decisão do BCE movimentam mercados

A semana nos mercados globais começa com um foco voltado para indicadores decisivos. Dados de inflação nos Estados Unidos e no Brasil, além da decisão de juros do Banco Central Europeu (BCE), estão entre os eventos mais aguardados pelos investidores.

Movimentos recentes, como a leitura mais fraca do mercado de trabalho americano, reacenderam apostas em cortes de juros por lá. Esses fatores devem influenciar fortemente as decisões de política monetária nas principais economias.

Pressão inflacionária via EUA e Brasil

Nos Estados Unidos, a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) pode redefinir expectativas sobre a trajetória dos juros pelo Federal Reserve. O relatório será decisivo após os dados de emprego abaixo do esperado, divulgados na última semana.

O mercado projeta uma inflação anual em torno de 3,4% e uma desaceleração no núcleo de inflação. Caso o resultado confirme esse cenário, podem crescer as apostas por cortes nas taxas já na segunda metade do ano, algo que vem sendo monitorado cuidadosamente por analistas e gestores.

Já no Brasil, o IPCA de maio será o principal termômetro doméstico. A expectativa é de alta próxima de 0,42%, dentro do padrão sazonal, mas ainda refletindo pressões de alimentos e combustíveis. A composição do índice será importante para avaliar se o Banco Central manterá cortes futuros na taxa Selic.

Caso o relatório traga surpresa altista, o espaço para novas reduções de juros tende a se estreitar, especialmente com a valorização recente do dólar frente ao real. O mercado de câmbio e a curva de juros futuros têm reagido sensivelmente a esses fatores.

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Decisão do BCE em destaque na Europa

Na zona do euro, todas as atenções se voltam para o Banco Central Europeu. O consenso é de que a autoridade monetária promova o primeiro corte de juros desde que iniciou o ciclo de aperto ainda em 2022.

A inflação ao consumidor nos países do bloco voltou a mostrar leve aceleração em maio, registrando 2,6% ao ano. Apesar disso, o BCE deve reduzir os juros em 0,25 ponto percentual, em linha com declarações recentes de dirigentes que indicam confiança na convergência inflacionária.

No entanto, o comunicado pós-decisão e a entrevista da presidente Christine Lagarde serão fundamentais. Investidores buscarão pistas sobre o ritmo dos cortes seguintes e até que ponto a política monetária seguirá restritiva seguindo os novos dados.

A zona do euro deve oferecer pouca tração ao crescimento global, e o alívio nos juros busca justamente compensar um ambiente fiscal e externo pouco favorável à reativação econômica.

Reações nos mercados financeiros

A expectativa por cortes nas principais economias vem sustentando parte do apetite por risco nos mercados acionários. Nas bolsas dos EUA, o índice S&P 500 renovou máximas históricas recentemente, em meio à combinação de dados fracos no emprego e apostas por estímulos monetários.

No Brasil, porém, o ambiente é mais cauteloso. A aversão ao risco global e a preocupação com a condução fiscal continuam pesando sobre o Ibovespa. O câmbio também segue volátil, com o dólar sendo negociado acima de R$ 5,30, pressionado tanto pela fuga de capitais quanto por incertezas domésticas.

Além disso, a curva de juros futuros brasileira já reflete uma visão mais conservadora do mercado, reduzindo apostas em novos cortes agressivos da Selic. A trajetória da inflação e do câmbio será determinante para eventuais mudanças nesse cenário.

Visão global e expectativa para os próximos dias

O cenário internacional segue condicionado à leitura dos próximos dados nos EUA, que alimentam hipóteses variadas para a atuação do Federal Reserve. A inflação e os próximos indicadores de atividade serão cruciais para definir o ciclo de política monetária.

Já o BCE inicia sua nova fase em meio a desafios internos, como desaceleração industrial e tensões fiscais em alguns países-membros. O início de corte de juros busca reativar a máquina econômica, mas sob vigilância atenta da inflação.

Enquanto isso, o Brasil vê uma disputa entre forças inflacionárias sazonais e uma expectativa de flexibilização econômica. Toda a agenda desta semana deve oferecer mais clareza quanto ao ritmo das decisões que moldam a política monetária tanto aqui quanto no exterior.

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