A agenda econômica global está carregada nesta semana, com destaque para os dados de inflação e vendas no varejo dos Estados Unidos. Os indicadores ganham peso adicional enquanto Washington e Pequim conduzem negociações delicadas sobre tarifas.
O foco maior dos mercados estará no CPI americano, medida vital para a decisão de juros do Fed. Ao mesmo tempo, o desempenho do varejo ajudará a medir a resiliência do consumo interno frente aos custos crescentes.
O que você vai ler neste artigo:
Inflação nos EUA sob os holofotes
Nesta semana, investidores e analistas estarão atentos à divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos, prevista para quarta-feira (12). A expectativa gira em torno do comportamento da inflação, que continua desafiando a trajetória do Federal Reserve (Fed) na condução de sua política monetária.
O dado refere-se ao mês de maio e será fundamental para embasar as próximas decisões da autoridade monetária americana. Analistas projetam alta de 0,1% no índice cheio, com avanço de 0,3% no núcleo, que exclui alimentos e energia. No acumulado de 12 meses, a estimativa aponta alta de 3,5% no núcleo e 3,3% no índice cheio.
Com o mercado precificando a possibilidade de cortes de juros apenas no segundo semestre, especialmente a partir de setembro, qualquer surpresa no dado poderá provocar reajustes imediatos nas curvas de juros, refletindo nos ativos globais.
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Varejo americano: termômetro da economia
Outro dado essencial será o de vendas no varejo nos EUA, previsto para quinta-feira (13). O consumo das famílias representa mais de dois terços do PIB americano, por isso seu desempenho é determinante para o ritmo da economia.
O consenso atual é de leve alta de 0,3% nas vendas em maio, após um avanço marginal de 0,0% no mês anterior. No entanto, pressões inflacionárias e juros elevados podem estar pesando nas decisões de consumo das famílias, especialmente nas parcelas mais endividadas.
Caso os dados fiquem abaixo das expectativas, o cenário pode reforçar preocupações sobre uma desaceleração da economia americana. Por outro lado, um dado mais forte que o projetado poderá adiar ainda mais o início do ciclo de cortes pelo Fed.
Tarifas e tensões com a China seguem presentes
No campo geopolítico, as negociações tarifárias entre Estados Unidos e China foram reacesas após autoridades dos dois países retomarem o diálogo sobre medidas comerciais. Em maio, o governo Biden anunciou aumento de tarifas sobre veículos elétricos chineses — medida considerada estratégica para proteger o setor industrial americano.
As discussões agora avançam para a possibilidade de novas tarifas e regras de importação, com foco nos setores de tecnologia e energia. Uma escalada tarifária representaria novos desafios para as cadeias produtivas globais e poderia pressionar ainda mais os preços.
Embora não se espere um rompimento repentino entre as potências, a tensão comercial gera incertezas nos mercados e pode influenciar decisões de investimento e políticas monetárias por parte dos bancos centrais.
No Brasil, atenção ao IBC-Br
No cenário doméstico, o destaque da semana virá na sexta-feira (14) com a publicação do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de abril. Conhecido como uma proxy mensal do PIB, o indicador poderá confirmar a desaceleração econômica já observada nas últimas divulgações.
A projeção do mercado é de ligeira retração frente ao mês anterior, em linha com a queda da produção industrial em abril e a desaceleração do setor de serviços. A perda de tração da economia tende a reforçar a expectativa de novas reduções na taxa Selic, embora em ritmo mais contido.
Além disso, o mercado acompanhará de perto as indicações de política fiscal sob o comando do ministro Fernando Haddad, em meio à pressão por revisão das metas fiscais e recuperação da arrecadação federal.
Expectativas do mercado nesta semana
Entre os investidores, o sentimento é de cautela. Os dados dos Estados Unidos definirão boa parte do tom da política monetária global nas próximas semanas — especialmente se a inflação permanecer persistente. O dólar tende a mostrar força em cenários de juros mais altos por mais tempo, enquanto moedas emergentes, como o real, podem sofrer pressão.
Já no Brasil, a combinação de dados fracos de atividade, incerteza fiscal e perspectiva de fim do ciclo de corte na Selic limita o apetite por risco. A curva de juros local segue atenta às sinalizações do Banco Central na ata da última reunião e aos efeitos do quadro fiscal.
Com tantos fatores simultâneos, a semana promete ser decisiva para os mercados globais, exigindo atenção redobrada dos investidores a cada sinal dos indicadores e autoridades monetárias.
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