Ibovespa sobe e dólar cai após dados do Caged e exterior otimista

O Ibovespa avançou nesta sexta-feira (28), impulsionado pela leitura do mercado sobre o resultado do Caged e pelo desempenho positivo das bolsas no exterior. O dado de criação de empregos formais ficou abaixo do previsto, o que aumentou expectativas por uma possível flexibilização monetária.

A valorização dos ativos locais também foi sustentada pela queda do dólar, que chegou a ser negociado a R$ 5,42, refletindo um ambiente mais propício ao risco e um dia de menor aversão global.

Ibovespa sobe com apoio externo e sinal do mercado de trabalho

O Ibovespa ampliou seus ganhos no pregão, acompanhando a melhora do sentimento global e a leitura doméstica sobre o mercado de trabalho. De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o Brasil gerou 131.811 vagas formais em maio, resultado inferior à mediana projetada por analistas, que era de cerca de 135 mil.

Apesar da leitura fraca, o número é interpretado por parte dos investidores como mais um sinal de que a economia está desacelerando, o que pode reforçar o argumento por cortes de juros pelo Banco Central. Com isso, ações sensíveis à queda da taxa Selic ganharam força, como as dos setores de varejo e construção civil.

Simultaneamente, o exterior colaborou com o apetite por risco. As bolsas americanas operaram em alta, em meio a declarações de dirigentes do Federal Reserve indicando que o ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos pode estar próximo do fim — o que favorece mercados emergentes como o brasileiro.

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Dólar recua com fluxo estrangeiro e menor pressão global

No câmbio, o dólar comercial manteve trajetória de baixa durante grande parte do dia, negociado a R$ 5,42 na mínima. A valorização do real refletiu o enfraquecimento da moeda americana frente a divisas emergentes, em um ambiente de menor aversão ao risco.

Além disso, o fluxo cambial positivo ajudou na valorização da moeda brasileira. Investidores estrangeiros voltaram a posicionar-se em ativos locais, atraídos pelas taxas de juros ainda elevadas e potenciais ganhos com ações de empresas brasileiras.

O alívio na curva de juros futuros também contribuiu para o movimento no câmbio. Com a percepção de que não há urgência em novos apertos monetários, tanto interna quanto externamente, o real respondeu com firmeza e consolidou-se abaixo dos R$ 5,45 — uma marca técnica relevante para o mercado.

Juros futuros renovam mínimas com expectativa de corte na Selic

Os contratos de juros futuros operaram em queda ao longo do dia, renovando mínimas em vários vencimentos. A leitura de que o mercado de trabalho está afrouxando e o ambiente externo oferece menor pressão inflacionária deu força a apostas em redução da Selic ainda este ano.

Papéis com vencimento em 2025 e 2027 registraram forte recuo nas taxas. Conforme o dia avançou, a curva indicava maior probabilidade de que o Comitê de Política Monetária (Copom) considere cortes ainda em 2024, embora analistas cobrem maior clareza sobre os próximos passos da política monetária.

A ata da última reunião e os dados de inflação a serem divulgados nas próximas semanas podem redefinir as apostas. Porém, o alívio nas expectativas de juros reforçou o desempenho positivo da Bolsa, especialmente nos setores mais afetados pelo custo de crédito.

Perspectivas com cenário macroeconômico mais claro

Os desdobramentos desta sexta-feira mostram um mercado mais alinhado com um cenário de acomodação da política monetária. A desaceleração do mercado formal de trabalho e a sinalização de estabilidade no exterior atuam como fatores de suporte para um ambiente menos volátil.

Além disso, dados fiscais e o andamento de pautas no Congresso também seguem no radar dos investidores. A tramitação de medidas como mudança na meta fiscal e ajustes no arcabouço fiscal podem trazer reações nos ativos locais nas próximas sessões.

Em resumo, o movimento do dia reflete não apenas fatores pontuais, como o dado do Caged, mas, principalmente, uma combinação de expectativas mais brandas sobre juros e um cenário global mais favorável ao risco. O resultado disso é um mercado que reage com otimismo moderado, mas sustentado por fundamentos claros.

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