O principal índice da bolsa brasileira, Ibovespa, avançou impulsionado por decisões do Comitê de Política Monetária e por sinalizações favoráveis sobre o comércio exterior. O movimento positivo também foi acompanhado por queda acentuada do dólar, refletindo alívio nos mercados.
A melhora no humor dos investidores veio na esteira da expectativa de manutenção da taxa Selic e com repercussões de declarações do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, sobre acordos comerciais.
O que você vai ler neste artigo:
Reação do mercado após decisão do Copom
A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada nesta semana, foi determinante para o desempenho dos ativos brasileiros. Conforme amplamente antecipado pelo mercado, o Banco Central decidiu manter a taxa Selic inalterada, o que gerou uma resposta positiva vinda principalmente de setores mais sensíveis aos juros, como varejo, construção civil e consumo.
Após a divulgação da decisão, o Ibovespa mostrou forte valorização, encerrando o pregão com alta superior a 2%, atingindo os 123 mil pontos. O aumento está ligado à percepção de que o ciclo de cortes de juros pode ser retomado nos próximos meses, caso o ambiente inflacionário continue sob controle.
A leitura do mercado é de que o BC adotou um tom mais brando em seu comunicado, o que reforça a aposta de suavização monetária adiante. Investidores também se mostraram otimistas com o avanço da reforma tributária, vista como essencial para a sustentabilidade fiscal no médio prazo.
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Dólar recua com fluxos estrangeiros e alívio global
A moeda norte-americana, que vinha se valorizando nas últimas semanas em meio à aversão ao risco global, recuou com força e passou a ser negociada abaixo de R$ 5,70, fechando o dia em R$ 5,67. A queda reflete a combinação de fundamentos locais e externos.
Internamente, a sinalização menos agressiva do Copom favoreceu a entrada de capital estrangeiro, sobretudo em renda variável, além da perspectiva de um cenário fiscal moderadamente mais previsível. Externamente, os mercados repercutem falas de Donald Trump sobre eventuais negociações comerciais com parceiros estratégicos, o que ajudou a reduzir as tensões globais.
Adicionalmente, os rendimentos dos Treasuries nos EUA mostraram recuo, impulsionando ativos de países emergentes como o Brasil. Esse ambiente criou condições para maior apetite ao risco entre investidores globais.
Setores em destaque na B3
Com o alívio na curva de juros futuros e a entrada de recursos estrangeiros, alguns setores da bolsa brasileira se destacaram. As empresas de consumo doméstico, imobiliário e varejo apresentaram os melhores desempenhos no dia.
Entre os papéis com maiores altas no pregão:
- Magazine Luiza (MGLU3): +6,5%
- MRV Engenharia (MRVE3): +5,8%
- Via (VIIA3): +5,2%
- Multiplan (MULT3): +4,9%
O setor bancário, que vinha pressionado em sessões anteriores, também registrou ganhos relevantes, com alta de mais de 3% nos papéis do Itaú e Bradesco.
Otimismo com cenário político internacional favorece apetite ao risco
As falas de Donald Trump sobre a possibilidade de manter ou renegociar acordos comerciais com outras potências animaram Wall Street e reverberaram nos mercados emergentes. A leitura do mercado é que um eventual retorno do ex-presidente ao poder nos Estados Unidos pode representar menor tensão comercial global, especialmente em relação à China.
Embora o cenário global ainda seja carregado de incertezas — como as eleições norte-americanas e as decisões futuras do Federal Reserve —, a perspectiva de menos barreiras comerciais e um ambiente geopolítico mais previsível tende a fortalecer ativos considerados de maior risco, como as ações brasileiras.
O otimismo no exterior teve reflexo direto nos índices acionários americanos, com o S&P 500 e Nasdaq fechando em alta superior a 1%, o que ajudou a impulsionar ainda mais os mercados locais.
Expectativas para os próximos dias
O cenário indica que o Ibovespa poderá manter o viés positivo, caso fatores internos e externos sigam convergindo para menor percepção de risco. A possibilidade de corte de juros adicionais no segundo semestre, combinada com a perspectiva de avanço de reformas estruturais, será um fator de sustentação para os ativos brasileiros.
No campo internacional, investidores continuam monitorando os dados da economia dos EUA, como inflação e mercado de trabalho, além do posicionamento da política monetária do Federal Reserve.
Por ora, o ambiente geral parece mais favorável aos ativos de risco, embora a volatilidade não esteja descartada. Indicadores fiscais locais e a evolução do cenário eleitoral norte-americano seguirão tendo papel central nas decisões dos investidores.