O Ibovespa registrou forte queda nesta sessão, refletindo o aumento da aversão ao risco provocado por tensões geopolíticas envolvendo o Oriente Médio. Investidores deslocaram capital de ativos brasileiros, enquanto Wall Street também sofreu com temores globais.
Apesar das pressões externas, o dólar à vista permaneceu praticamente estável frente ao real, refletindo uma demanda equilibrada no mercado de câmbio doméstico. Já os índices em Nova York mostraram quedas acentuadas, contaminando outras praças.
O que você vai ler neste artigo:
Tensão geopolítica pressiona mercados globais
A escalada do conflito entre Israel e Irã aumentou significativamente a aversão ao risco nos mercados internacionais. Investidores reagiram prontamente à notícia de um possível ataque israelense a território iraniano, levando a uma fuga generalizada de ativos de risco. O petróleo tipo Brent disparou, chegando a subir mais de 4% durante o dia, superando os US$ 90 o barril — sinal claro de nervosismo em relação ao fornecimento global da commodity.
Diante do cenário, os principais índices de ações globais foram pressionados. Nos Estados Unidos, o S&P 500 caiu 0,88%, enquanto o Nasdaq recuou 2,05%, refletindo uma correção acentuada em papéis de tecnologia. O Dow Jones perdeu 0,65%. A alta dos preços da energia e a perspectiva de prolongamento do conflito impulsionaram compras de segurança em Treasuries e ouro.
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Ibovespa reage negativamente à volatilidade externa
No Brasil, o Ibovespa encerrou o pregão desta sexta-feira (19) com queda de 1,29%, aos 124.295 pontos, acompanhando o mau humor dos mercados internacionais. O movimento foi liderado por setores ligados a commodities e consumo, afetados tanto pela alta do petróleo quanto pela pressão inflacionária nos EUA.
Entre os destaques negativos do dia, as ações da Vale recuaram mais de 2%, refletindo a realização de lucros e incertezas na demanda chinesa por minério de ferro. Petrobras, que poderia se beneficiar da valorização do petróleo, também sofreu perdas, em parte devido a preocupações com margens e volatilidade cambial.
Em meio à instabilidade, papéis defensivos e de empresas exportadoras receberam fluxo positivo. É o caso, por exemplo, de Suzano e Klabin, que se beneficiam com a desvalorização do real e a perspectiva de demanda resiliente nos mercados externos.
Câmbio com variação limitada, apesar do estresse
O dólar à vista terminou a sessão cotado a R$ 5,2040, com leve oscilação de -0,04% em relação ao fechamento anterior. O movimento mostra certa resiliência do mercado cambial brasileiro, mesmo diante do aumento da pressão externa.
A estabilidade cambial também é explicada por atuações mais firmes dos bancos locais, que mantiveram fluxo de venda no mercado à vista. Além disso, o Brasil segue com diferencial de juros favorável, o que sustenta parte da atratividade de ativos em reais frente a moedas de países emergentes.
No entanto, analistas alertam que a continuidade das tensões no Oriente Médio pode impactar mais fortemente o câmbio na próxima semana, especialmente se houver novos episódios de ataques ou retaliações envolvendo grandes potências regionais.
Wall Street amplia perdas com instabilidade global
Os índices acionários norte-americanos ampliaram suas perdas nesta sexta, acentuando a tendência negativa registrada ao longo da semana. Além do fator geopolítico, a divulgação de dados robustos do mercado de trabalho nos EUA renovou a percepção de que o Federal Reserve pode adiar o início do ciclo de cortes nos juros.
O rendimento das Treasuries de 10 anos subiu para 4,63%, o maior patamar em mais de cinco meses, o que refletiu diretamente nas ações de tecnologia, geralmente mais sensíveis ao custo de capital. A Alphabet, controladora do Google, caiu 2,1%, enquanto Microsoft e Amazon cederam respectivamente 3,0% e 2,7%.
As perdas em Wall Street acabam exercendo efeito direto sobre mercados emergentes, alimentando o movimento de aversão ao risco generalizado. Com isso, o reflexo sobre ativos brasileiros tende a se intensificar, especialmente se não houver uma recomposição rápida da confiança externa.
Perspectivas para os próximos dias
A próxima semana tende a seguir sob os mesmos fatores de instabilidade. A agenda econômica dos Estados Unidos trará novos dados de inflação e atividade, que devem ser acompanhados de perto para avaliar o nível de resiliência da economia. Ao mesmo tempo, os desdobramentos no Oriente Médio continuarão sendo o principal vetor de risco global.
No mercado brasileiro, investidores estarão atentos também às articulações políticas no Congresso e à saúde fiscal do país, temas que voltaram ao radar após declarações recentes sobre aumento de gastos públicos. A cautela deve permanecer como palavra de ordem, com os investidores preferindo posições mais defensivas neste início de trimestre volátil.
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