O mercado financeiro brasileiro iniciou o dia sob forte pressão, mas ao longo da manhã o dólar reduziu o avanço e o Ibovespa desacelerou a queda. A movimentação ocorre após o ex-presidente Donald Trump anunciar que, se eleito, poderá aplicar tarifas de até 35% sobre produtos canadenses.
Em meio a esse cenário, investidores globais se mostram mais cautelosos, trazendo impactos para ativos emergentes. As incertezas sobre as políticas comerciais dos Estados Unidos seguem pesando nas projeções de curto prazo.
O que você vai ler neste artigo:
Reação dos mercados ao anúncio de Trump
As declarações de Donald Trump provocaram uma rápida reação nos mercados internacionais. O republicano afirmou que retomaria uma postura "mais agressiva" na defesa da indústria americana, inclusive com a adoção de novas barreiras tarifárias. A tarifa de 35% sobre importações do Canadá é parte desse reposicionamento.
A ameaça não foi limitada ao parceiro do norte. Embora não tenha detalhado medidas específicas, Trump sugeriu que países com os quais os EUA mantêm déficits comerciais poderiam ser alvo de tarifas adicionais. A sinalização reacendeu o temor de uma guerra comercial mais ampla e derrubou commodities e ações ligadas ao comércio internacional.
O índice Nasdaq chegou a recuar mais de 1% nos primeiros minutos após as falas do ex-presidente, enquanto o S&P 500 manteve-se pressionado. Já no Brasil, o dólar, que chegou a operar em alta acima de 0,60%, passou a recuar e rondar a estabilidade com a queda da moeda americana diante de outras divisas de mercados emergentes.
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Influências no mercado brasileiro
A Bolsa brasileira reduziu parte das perdas observadas no início da sessão, em meio ao alívio no câmbio e movimento de compensação em papéis de commodities. O Ibovespa, que chegou a cair mais de 1%, recuava cerca de 0,40% no final da manhã, refletindo principalmente a performance de ações do setor financeiro e de exportadoras.
Papéis ligados ao minério de ferro e petróleo, como Petrobras e Vale, reagiram à oscilação das commodities, que recuaram com receio de redução no comércio global. A escalada protecionista pode reduzir a demanda chinesa e afetar diretamente setores estratégicos da economia brasileira.
No câmbio, o real se beneficiou parcialmente da fraqueza do dólar diante de outras divisas emergentes como o peso mexicano e a lira turca. O dólar comercial, que chegou a operar acima de R$ 5,36, reduzia o impulso e rondava a casa de R$ 5,30 na última atualização.
Contexto político e expectativas de mercado
A sinalização de uma política comercial mais dura do ex-presidente republicano levanta dúvidas sobre o futuro da relação dos EUA com seus principais parceiros comerciais se Trump voltar à presidência. Investidores também monitoram a aproximação das eleições americanas, o que adiciona volatilidade aos ativos globais.
Analistas observam que as declarações de Trump fazem parte de uma estratégia política que visa pressionar setores industriais americanos e atrair o voto do trabalhador médio. No entanto, caso as tarifas se concretizem, países como o Canadá — o segundo maior parceiro comercial dos EUA — e o México deverão tomar medidas retaliatórias.
Além disso, ainda há incertezas sobre como esse "tarifaço" poderia afetar cadeias produtivas globais e o dinamismo de exportações de países emergentes como o Brasil. Empresas como Embraer, JBS e Weg, com forte presença internacional, podem ser impactadas indiretamente dependendo do escopo das medidas.
Impacto econômico potencial
Caso uma política tarifária mais agressiva se concretize, os principais efeitos esperados envolvem:
- Aumento da aversão ao risco: Investidores podem migrar para ativos considerados mais seguros, como dólar e ouro.
- Redução das exportações globais: Economia brasileira, dependente de commodities e importações chinesas, pode sofrer recuo na balança comercial.
- Pressão sobre inflação: Barreiras ao comércio elevam preços em escala global pela restrição na oferta de bens.
- Volatilidade no câmbio: O real pode se desvalorizar diante da fuga de capital de mercados emergentes.
Embora o cenário ainda não seja definitivo, as palavras de Trump foram suficientes para abalar o sentimento de parte do mercado. Essa sensibilidade mostra que, mesmo fora do poder, suas declarações seguem repercutindo com força entre investidores e agentes econômicos.
Com a aproximação do ciclo eleitoral nos Estados Unidos, o tom protecionista pode ganhar espaço no discurso político, o que deve manter os mercados atentos a novos desdobramentos nas próximas semanas.
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