A tensão comercial voltou ao centro das atenções globais após o ex-presidente Donald Trump sinalizar uma possível elevação de tarifas sobre produtos importados. Isso reverteu a trajetória do dólar, que caiu frente ao real nesta terça-feira.
No Brasil, apesar da notícia da piora na perspectiva de rating do país, o Ibovespa operou em alta, refletindo movimento de ajustamento técnico e comportamento do câmbio mais favorável.
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Pressões tarifárias de Trump reacendem temor global
Donald Trump, pré-candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, afirmou recentemente que pretende implementar tarifas amplas sobre importações se for eleito novamente. Ele mencionou medidas que podem atingir até 60% sobre produtos chineses e ampliar para outros países, inclusive aliados comerciais.
Esse posicionamento contribuiu para aumentar a aversão a risco global, mas no mercado brasileiro teve efeito distinto: o movimento foi interpretado como oportunidade de entrada em ativos descontados. Além disso, a eventual desaceleração do comércio externo pode impactar negativamente os EUA, o que impulsionou moedas emergentes como o real.
Outro fator que atenuou a reação negativa foi a leitura de que, até o momento, as tarifas não passam de uma proposta de campanha — sem instrumentos legais concretos colocados sobre a mesa.
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Queda do dólar reflete busca por ativos brasileiros
Com a notícia de novas tarifas sugeridas por Trump, investidores globais olharam com mais cautela para os riscos nos Estados Unidos. Isso provocou uma rotação de portfólio em direção a mercados emergentes, em especial o Brasil. O real se fortaleceu frente ao dólar, com a moeda americana sendo negociada abaixo dos R$ 5,12 ao longo do dia.
O movimento foi impulsionado por:
- Maior fluxo de capital estrangeiro em busca de ativos de risco;
- Retração do dólar global diante de expectativas de desaceleração nos EUA;
- Alta das commodities, que favorece exportações brasileiras.
A desvalorização da divisa americana também tem impacto direto sobre setores como varejo, transporte e aéreas dentro do mercado acionário doméstico, o que ajudou no avanço do Ibovespa.
Ibovespa avança apesar de ajuste na nota de crédito
Em contrapartida ao movimento do câmbio, a S&P Global Ratings revisou a perspectiva do rating soberano do Brasil de “positiva” para “estável”, mantendo a nota em BB, dois degraus abaixo do grau de investimento. Segundo a agência, o aumento dos gastos públicos e a fragilidade das contas fiscais motivaram a mudança na avaliação.
Curiosamente, o índice brasileiro de ações refletiu pouco essa alteração, com o Ibovespa encerrando o dia em alta. Isso se deve, em parte, a fatores técnicos e à interpretação de que a mudança de perspectiva, apesar de negativa, já estava parcialmente precificada pelos investidores.
Setores que se beneficiam da queda do dólar ou têm maior exposição internacional, como commodities e siderúrgicas, puxaram o índice para cima.
Riscos locais seguem no radar de investidores
Mesmo com o alívio no câmbio e a alta do Ibovespa, os investidores permanecem atentos ao cenário fiscal brasileiro. A deterioração das expectativas para o resultado primário e a crescente pressão por aumento de despesas, aliado a possíveis dificuldades na arrecadação, alimentam preocupações estruturais.
Adicionalmente, o ambiente político em Brasília continua sendo um fator de volatilidade, especialmente diante das discussões sobre reformas tributárias, responsabilidade fiscal e prioridades de investimento público.
No curto prazo, o mercado pode continuar se beneficiando de movimentos de capital externo, mas a sustentabilidade dessa trajetória dependerá da evolução da política econômica do governo, especialmente no segundo semestre.
Panorama global influencia dinâmica local
O contexto internacional também é decisivo. A possível guerra comercial entre Estados Unidos e China, reacendida por Trump, pode impactar profundamente cadeias de suprimento globais e paralisar o crescimento econômico mundial. Isso pode se desdobrar em:
- Redução da demanda por commodities;
- Aumento de inflação importada;
- Maior volatilidade nos mercados de câmbio.
Para o Brasil, o impacto é ambivalente: por um lado, pode haver valorização de moedas emergentes no curto prazo; por outro, um desaquecimento global diminuiria o apetite por risco em horizontes mais longos.
Em meio a esse cenário, a performance do mercado brasileiro deve seguir sensível às variáveis externas, sobretudo das decisões de política monetária nos EUA e das incertezas com as eleições norte-americanas.
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