O Ibovespa encerrou a sessão em alta, impulsionado por dados econômicos mais fracos nos Estados Unidos e declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. Movimentos nos mercados internacionais refletiram na valorização do dólar frente ao real.
Enquanto isso, as bolsas de Nova York registraram perdas, com investidores ajustando expectativas após indicadores de emprego e atividade econômica abaixo do esperado.
O que você vai ler neste artigo:
Dólar em alta com leitura do mercado sobre o Fed
Nesta terça-feira (2), o dólar comercial fechou em alta, subindo cerca de 0,65% e cotado a R$ 5,66. O movimento foi motivado principalmente pela percepção de que os dados econômicos dos Estados Unidos indicam um cenário mais propício à manutenção dos juros elevados por mais tempo. Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, afirmou que a política monetária atual é "adequadamente restritiva", o que foi interpretado por parte dos analistas como sinal de que os juros não devem ceder tão cedo.
A leitura do mercado é de que, com o enfraquecimento de indicadores como o JOLTS (relatório de vagas de emprego abertas) e a desaceleração na atividade industrial medida pelo ISM, há menor risco de aquecimento da economia norte-americana. Isso reduz a pressão por elevação nos juros, mas também mantém o apelo do dólar como ativo de refúgio.
Além disso, a escalada da moeda também reflete tensões externas e o fluxo de capital migrando para países considerados mais seguros diante da incerteza fiscal local. A pressão adicional também vem dos juros mais altos nos títulos públicos dos EUA.
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Ibovespa avança com cenário externo favorável
O principal índice da Bolsa brasileira, o Ibovespa, subiu 0,37%, encerrando o dia nos 125.776 pontos. O desempenho foi apoiado por uma combinação de fatores externos, como os dados mais fracos do mercado de trabalho norte-americano, e por movimentos internos de correção após quedas recentes.
O alívio na expectativa de aumento dos juros nos Estados Unidos gerou um ambiente mais propício para ativos de risco, como ações de países emergentes. Papéis de empresas ligadas a commodities, como Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4), tiveram desempenho misto — com a Vale impulsionada por alta nos preços do minério de ferro e a Petrobras com viés de baixa após queda no petróleo.
Outro fator que colaborou diretamente para a recuperação do índice foi o desempenho positivo de ações do setor de varejo e consumo, que se beneficiam de juros mais baixos e perspectiva de retomada local da atividade no segundo semestre.
Bolsas dos EUA caem diante de incertezas
Os índices acionários de Nova York fecharam no vermelho, refletindo os indicadores econômicos considerados fracos e novas dúvidas sobre o rumo da política monetária norte-americana. O índice Nasdaq recuou 0,94%, enquanto o S&P 500 e o Dow Jones caíram 0,62% e 0,54%, respectivamente.
O relatório JOLTS mostrou queda nas vagas abertas, somando 8,14 milhões — abaixo das expectativas de 8,29 milhões. Já o índice ISM de atividade industrial caiu para 48,5 pontos, ficando aquém da projeção de 49,1 e indicando contração da atividade. Esses dados sinalizam desaceleração econômica, o que, por um lado, reduz a pressão por aumento de juros, mas também gera preocupações com a trajetória do crescimento nos EUA.
As declarações de Powell foram recebidas de forma ambígua pelos investidores. Embora tenha reiterado que os juros estão numa faixa restritiva suficiente, não indicou cortes no curto prazo, o que frustrou parte do mercado.
Perspectivas adiante influenciadas por dados e cenário político
A volatilidade nos mercados financeiros deve continuar nos próximos dias diante da expectativa por novos dados americanos – em especial o relatório de empregos (payroll) que será divulgado ainda esta semana. O comportamento do dólar e da curva de juros nos EUA pode alterar significativamente os fluxos de capital para mercados emergentes, incluindo o Brasil.
Internamente, o cenário fiscal segue como fator de atenção. A tramitação do projeto de reoneração da folha e declarações do presidente Lula sobre busca de medidas para impulsionar a economia aumentam a cautela entre os investidores. O Banco Central brasileiro também está sob escrutínio, à medida que o Comitê de Política Monetária (Copom) se aproxima da reunião de julho.
Embora o Ibovespa tenha registrado valorização, a volatilidade indica um mercado ainda sensível a desenvolvimentos externos e desdobramentos internos, especialmente no campo fiscal. O descompasso entre política monetária local e internacional continua sendo ponto de atenção para os próximos pregões.
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