A leve desaceleração no mercado de trabalho americano renovou as expectativas por um corte de juros mais cedo pelo Federal Reserve. Os sinais de enfraquecimento levaram a uma queda nos rendimentos dos Treasuries e sustentaram o avanço das bolsas internacionais nas primeiras horas desta quinta-feira.
Investidores mantêm o foco no relatório ADP de hoje, seguido pela divulgação do payroll amanhã, dados que devem reforçar o cenário de ajustes na política monetária americana ainda este ano.
O que você vai ler neste artigo:
Reação positiva dos mercados globais
Diante da perspectiva de um possível alívio monetário por parte do Fed, os principais índices acionários operam em alta. Por volta das 8h da manhã (horário de Brasília), o futuro do S&P 500 apresentava valorização de 0,20%, enquanto o do Nasdaq avançava 0,29%. Nos mercados europeus, o índice Stoxx 600 subia 0,60% e o DAX, de Frankfurt, registrava alta de 0,72%.
O movimento é impulsionado por uma leitura mais cautelosa sobre a economia dos EUA, baseada no relatório Jolts, que mostrou perda de força na abertura de vagas de emprego. Isso reduz a pressão sobre o Fed para manter os juros elevados por mais tempo.
Na renda fixa, o alívio também é perceptível. O rendimento do Treasury de 10 anos recuava de 4,221% para 4,196%, e o T-bond de 30 anos, que chegou a atingir 5% na véspera, recuava para 4,875%.
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Emprego nos EUA permanece no centro das atenções
O relatório ADP de hoje é visto como a prévia mais relevante antes da divulgação do payroll de agosto, que acontece na sexta-feira. Ambos os dados são cruciais para calibrar as apostas dos investidores sobre a política monetária americana nas próximas reuniões do Fed.
Um arrefecimento no ritmo de contratações fortalece a tese de que o aperto monetário pode estar próximo do fim. A autoridade monetária americana já indicou que irá reagir de acordo com os dados e, por isso, números mais fracos reduzem a pressão por aumentos adicionais nos juros.
Com os mercados operando com elevado grau de sensibilidade, resultados abaixo do esperado podem acentuar o movimento de valorização dos ativos de risco, enquanto surpresas positivas tendem a manter o cenário mais cauteloso.
Incógnitas no cenário político e comercial brasileiro
A relação bilateral entre Brasil e Estados Unidos voltou ao centro das discussões, com incertezas geopolíticas colocando pressão sobre o ambiente comercial. Nesta semana, representantes do setor industrial brasileiro estiveram em Washington para acompanhar a primeira audiência do inquérito aberto pelo governo americano sobre possíveis práticas desleais por parte do Brasil.
Em meio ao processo, o vice-secretário de Estado dos EUA, Christopher Landau, destacou que a tensão tarifária pode estar relacionada não apenas a aspectos econômicos, mas também políticos. Ele mencionou que a relação com o ex-presidente Jair Bolsonaro ainda pesa sobre a postura americana.
Além disso, o julgamento de Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal — que ocorre paralelamente às discussões comerciais — mantém os investidores atentos aos desdobramentos no campo político. Parlamentares aliados ao ex-presidente articulam a votação de um projeto que concede anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, aumentando a tensão institucional no país.
Banco Central intervém em operação entre BRB e Master
Outro ponto de atenção no mercado doméstico foi a decisão do Banco Central de vetar a aquisição de parte do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB). A operação, que vinha sendo discutida há meses, foi indeferida ontem à noite sem detalhamentos por parte da autarquia.
Segundo fontes de mercado, havia dificuldades na precificação dos ativos envolvidos e ajustes regulatórios que não estavam avançando como esperado. O BC já vinha sinalizando resistência à operação, o que levou os envolvidos a rever e reduzir o escopo do negócio nos últimos meses.
Esse tipo de decisão tende a impactar a percepção do setor bancário sobre o ambiente regulatório e levanta dúvidas quanto à predisposição do BC para aprovar fusões e aquisições no sistema financeiro nacional, especialmente em um cenário de maior vigilância sobre práticas prudenciais e de compliance.
Perspectivas para os próximos dias
Com a curva de juros internacionais mais benigna, os mercados devem continuar sensíveis aos dados trabalhistas que serão divulgados amanhã. A depender da intensidade da desaceleração no payroll, os ativos de risco podem ganhar fôlego adicional. Em contrapartida, uma surpresa altista nos dados deverá reacender o temor de novos apertos monetários.
Enquanto isso, o ambiente doméstico pode seguir volátil, influenciado tanto pelas questões regulatórias no setor financeiro quanto pelo ambiente político em Brasília, que tem mostrado elevada imprevisibilidade. A combinação de contextos distintos desafia analistas e investidores, exigindo monitoramento próximo dos próximos desdobramentos econômicos e políticos.
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