Bolsas da Ásia sobem com corte de juros na China

As bolsas da Ásia encerraram a sessão desta terça-feira em terreno positivo, refletindo uma combinação de expectativas por novos estímulos econômicos e sinais de avanço nas negociações comerciais globais. Operadores monitoraram atentamente os próximos passos das autoridades chinesas diante da desaceleração econômica no país.

A perspectiva de um corte adicional nas taxas de juros pelo governo chinês trouxe ânimo aos investidores, além do otimismo em relação aos acordos comerciais com parceiros ocidentais, sobretudo os Estados Unidos.

Bolsas sobem diante de expectativas por mais estímulos

Em Tóquio, o índice Nikkei 225 subiu 0,95%, fechando aos 38.482,11 pontos, impulsionado pelos setores de tecnologia e exportação. O desempenho refletiu o alívio em relação ao iene, que voltou a perder força frente ao dólar, favorecendo empresas exportadoras como Toyota e Sony.

Já em Hong Kong, o Hang Seng registrou avanço de 1,06%, puxado pelas ações de tecnologia e varejo. Empresas como Alibaba e Tencent tiveram valorizações expressivas diante do alívio nas preocupações quanto à intervenção do governo chinês em grandes conglomerados privados.

Na China continental, o Xangai Composto teve alta de 0,48% e o Shenzhen subiu 0,62%, beneficiados por rumores de que o Banco do Povo da China (PBoC) poderá adotar, ainda neste mês, um novo corte nas taxas de juros para estimular a atividade econômica.

China sinaliza novo corte de juros

A desaceleração econômica e os desafios do setor imobiliário pressionam o governo chinês a adotar políticas de estímulo mais contundentes. O mercado especula que o PBoC pode reduzir a taxa de compulsório dos bancos ou cortar a taxa básica de juros de médio prazo (MLF), que serve de base para empréstimos nos bancos comerciais.

Segundo fontes do mercado financeiro local, o corte poderia ocorrer já na próxima semana, como forma de sustentar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) chinês, que sofre com o fraco desempenho do setor manufatureiro e de infraestrutura.

Além disso, investidores veem com otimismo a possibilidade de Pequim flexibilizar regras para financiar projetos habitacionais inacabados, medida que poderia, ao mesmo tempo, proteger consumidores e aliviar o peso sobre as construtoras.

Negociações comerciais melhoram clima global

Outro fator que contribuiu para o bom humor dos mercados asiáticos nesta terça-feira foi o avanço nas tratativas comerciais entre China e Estados Unidos. Embora ainda não tenha havido anúncios oficiais, há indicações de que representantes dos dois países devem retomar encontros presenciais em julho para tratar de tarifas, cadeias de suprimentos e propriedade intelectual.

Esse ambiente mais favorável ao comércio internacional influenciou positivamente as bolsas de países altamente integrados a essas cadeias globais, como Taiwan e Coreia do Sul. O índice Kospi, de Seul, subiu 0,68%, enquanto a bolsa de Taipé avançou 0,57%.

Empresas exportadoras sul-coreanas, como Samsung e SK Hynix, também registraram ganhos, reforçando o sentimento de otimismo entre investidores que aguardam uma reativação mais forte da demanda global no segundo semestre.

Perspectivas seguem positivas, mas mercado permanece cauteloso

Mesmo com os resultados positivos obtidos nesta sessão, analistas destacam que persistem riscos no horizonte. A tensão entre China e União Europeia sobre impostos para carros elétricos, além das dificuldades internas no setor imobiliário chinês, mantém o investidor em estado de vigilância.

A volatilidade é reforçada ainda pelas incertezas sobre a política monetária dos Estados Unidos. Uma eventual manutenção dos juros em patamares elevados pelo Federal Reserve pode comprometer parte do otimismo observado nas economias emergentes, incluindo na Ásia.

Ainda assim, os estímulos esperados da China seguem como principal âncora de confiança para os mercados da região. Caso medidas concretas sejam anunciadas nos próximos dias, o impulso já observado nos índices asiáticos pode ganhar força.