As expectativas sobre a economia global voltaram a pressionar os mercados nesta semana. A política comercial dos EUA e os próximos passos do Federal Reserve estão sob análise intensa.
Com a aproximação das eleições norte-americanas, o ex-presidente Donald Trump reacendeu promessas tarifárias, enquanto investidores aguardam sinais do Fed sobre os juros.
O que você vai ler neste artigo:
Sinalizações de Trump alimentam temores de guerra comercial
As declarações recentes de Donald Trump, cotado para ser o candidato republicano nas eleições americanas de 2024, trouxeram novas ondas de cautela aos mercados. O ex-presidente afirmou que consideraria impor tarifas de até 60% sobre produtos chineses e elevar tributos sobre automóveis importados.
Esse tipo de política protecionista é vista com preocupação por investidores, pois aumenta a possibilidade de uma nova guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo. A medida pode, inclusive, impactar o comércio global, ampliar tensões geopolíticas e pressionar cadeias produtivas, afetando inclusive emergentes como o Brasil.
Além disso, empresas multinacionais demonstram receio quanto à instabilidade regulatória decorrente desse tipo de abordagem. No passado, as tarifas de Trump impactaram setores como aço, alumínio, tecnologia e agricultura, provocando retaliações e volatilidade no comércio internacional.
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Expectativas com a ata do Fed movimentam os mercados
A divulgação da ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) é aguardada com atenção. Analistas esperam pistas mais claras sobre o cronograma do Federal Reserve para eventuais cortes nos juros dos Estados Unidos.
Apesar do arrefecimento da inflação, os dirigentes do Fed têm adotado uma postura prudente. O mercado, no entanto, busca entender se o primeiro corte dos juros — atualmente entre 5,25% e 5,50% — poderá ser realizado ainda no terceiro trimestre de 2024.
Investidores globais têm ajustado as projeções às falas mais recentes dos membros do banco central norte-americano. Ao mesmo tempo, dados econômicos como emprego formal e crescimento do PIB também influenciam a percepção de risco e potencial retorno nos mercados.
Reações nos mercados globais e ativos emergentes
As incertezas geradas pelas falas de Trump e os sinais do Fed se refletem de forma direta nos mercados. Bolsas globais exibiram cautela nos últimos pregões, com quedas registradas principalmente nos setores de tecnologia e manufatura.
Nos mercados emergentes, houve pressão adicional sobre moedas locais, como o real, o peso mexicano e o rand sul-africano. Fundos estrangeiros também retomaram movimento de fuga de risco, buscando ativos de maior segurança como títulos do Tesouro americano.
Em contrapartida, commodities como ouro e petróleo foram favorecidas, seguindo o comportamento típico de proteção em meio a instabilidades econômicas ou geopolíticas iminentes.
Impactos para o Brasil e cenário doméstico
No caso brasileiro, os efeitos indiretos são perceptíveis em diversos setores. A queda de ativos de risco lá fora impulsiona o dólar no mercado doméstico, o que tende a pressionar a inflação via preços de importação.
Além disso, a tensão no comércio internacional pode reduzir a demanda por commodities — como minério de ferro, celulose e soja — importantes na balança comercial brasileira. Isso pode limitar o desempenho de empresas exportadoras listadas na B3.
Paralelamente, a atenção também se volta para as articulações entre Executivo e Congresso no Brasil. Reformas econômicas e medidas fiscais seguem em análise, mas enfrentam resistência política, o que pode comprometer ainda mais a confiança do investidor estrangeiro.
Em meio a um cenário externo conturbado e um ambiente doméstico ainda frágil, a aversão ao risco tende a se manter elevada, com aumento da volatilidade nas próximas semanas.
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