A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) manteve uma visão firme sobre o futuro da demanda global por petróleo. Para o grupo, não existe evidência de que o mundo esteja próximo de atingir o pico dessa demanda.
Mesmo diante do avanço de fontes renováveis e metas de descarbonização, a Opep prevê um crescimento contínuo no consumo de petróleo até 2050, projetando aumento da demanda global em mais de 16 milhões de barris por dia em relação aos níveis atuais.
O que você vai ler neste artigo:
Projeção da Opep até 2050
Segundo o relatório anual "World Oil Outlook 2023", divulgado pela Opep, a demanda mundial por petróleo alcançará 116 milhões de barris por dia (bpd) até 2050, superando os atuais 99,4 milhões de bpd registrados em 2022. A organização reforça que o petróleo continuará tendo papel central na matriz energética global nas próximas décadas.
Esse crescimento será impulsionado, sobretudo, por economias emergentes, como Índia, China e países africanos, onde o aumento populacional e o avanço industrial intensificarão a necessidade por energia. Ainda segundo a Opep, o petróleo representará cerca de 29% da demanda energética global em 2050, número pouco abaixo dos 31% atuais – sinal de uma transição energética gradual, mas não disruptiva.
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Contraponto ao otimismo climático
As projeções da Opep contrastam com relatórios de agências como a Agência Internacional de Energia (AIE), que preveem um pico na demanda de petróleo ainda na década de 2030, motivado pelo avanço de carros elétricos, maior eficiência energética e políticas públicas de combate às mudanças climáticas.
Para a AIE, o petróleo começaria a ceder espaço de forma mais acelerada nos próximos anos. Já a Opep, por outro lado, vê uma trajetória mais conservadora em relação às transformações tecnológicas e políticas globais. A organização alega que as projeções de ‘pico de demanda’ não consideram todas as variáveis geoeconômicas e subestimam o crescimento de mercados emergentes.
Investimentos em energia fóssil devem continuar
Apesar do apelo por descarbonização, o documento da Opep destaca que o mundo ainda precisará de até US$ 14 trilhões em investimentos em petróleo até 2050para garantir a segurança e estabilidade no fornecimento global de energia. Isso inclui desde a manutenção de infraestrutura existente até novos projetos de exploração.
Também há um alerta: a falta de investimentos poderá levar a um cenário de volatilidade no preço do barril e até mesmo escassez de oferta, especialmente diante do crescimento contínuo da demanda. A Opep pediu que governos considerem estratégias energéticas mais equilibradas e realistas, que não retirem os combustíveis fósseis do centro das atenções antecipadamente.
A lenta transição energética
Mesmo com a desaceleração no uso de petróleo projetada nas economias desenvolvidas, a Opep aponta que a transição energética será gradual. Energia solar e eólica crescerão, mas não com velocidade suficiente para substituir, no curto prazo, as fontes fósseis, sobretudo nos setores de transporte pesado, aviação e petroquímica.
Esses setores ainda não contam com alternativas viáveis em larga escala. Além disso, a demanda adicional virá de regiões com infraestrutura energética limitada, onde petróleo e gás natural seguem sendo alternativas acessíveis e confiáveis.
Papel geopolítico e econômico do petróleo
A manutenção da demanda por petróleo também reforça o papel geopolítico da Opep nas próximas décadas. Como fornecedora predominante do recurso, a organização acredita que seu poder de influência permanecerá relevante, inclusive diante das tensões comerciais e disputas entre grandes potências.
A Opep ainda argumenta que, ao contrário do colapso previsto por alguns ambientalistas, o setor petrolífero evoluirá com novas tecnologias, como a captura e armazenamento de carbono (CCS), combustíveis com menor pegada de carbono e avanços em eficiência operacional das refinarias.
Com isso, mesmo em um cenário de aumento de energia limpa, o petróleo manterá uma presença significativa na economia global, sustentando empregos, investimentos públicos e cadeias de fornecimento em larga escala.
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