Opep+ pode aprovar novo aumento na produção de petróleo

Fontes ligadas à Opep+ indicam que o grupo deve aprovar um novo aumento na produção de petróleo durante reunião online marcada para este domingo (7). A decisão faz parte do esforço para reverter cortes anteriores e ampliar a presença no mercado global.

Esse possível incremento, contudo, será mais modesto do que os anteriores. A expectativa é adicionar entre 135 mil e 350 mil barris por dia a partir de outubro, refletindo sinais de desaceleração na demanda.

Contexto da política de produção da Opep+

Após manter cortes significativos na produção para conter a volatilidade de preços durante a pandemia, a Opep+ — coalizão que reúne os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados como a Rússia — decidiu iniciar, em abril, um processo de retomada gradual da oferta. Desde então, foram adicionados cerca de 2,5 milhões de barris por dia (bpd) ao mercado. Esse volume corresponde a aproximadamente 2,4% da demanda global.

A medida foi influenciada por interesses geopolíticos e pressões externas, especialmente dos Estados Unidos. O presidente Donald Trump vinha exercendo pressão para que o bloco ajudasse a reduzir os preços dos combustíveis, que se mantinham elevados devido às sanções aplicadas contra países produtores como a Rússia e o Irã.

No entanto, apesar dessas adições, os preços do petróleo continuam estáveis, sendo negociados em torno de US$ 66 por barril. Isso indica que a oferta adicional não foi suficiente para compensar outros fatores que pressionam o mercado, como conflitos geopolíticos e limitações estruturais de produção em países em crise.

Quer impactar quem entende de finanças?

Divulgue sua marca em um site focado em finanças, investimentos e poder de compra.

Novas projeções para outubro

Ainda que o grupo tenha aprovado um aumento expressivo de produção em setembro — de cerca de 547 mil bpd —, a tendência para os próximos meses aponta para incrementos mais modestos. Segundo fontes internas, a ideia agora é desfazer lentamente os cortes ainda vigentes, estimados em 1,65 milhão de bpd, ao longo de incrementos mensais.

Especificamente para outubro, duas fontes falaram em um aumento mínimo de 135 mil bpd, enquanto uma terceira indicou um intervalo mais amplo, que pode chegar a 350 mil bpd. Esses números evidenciam uma postura mais cautelosa diante da percepção de desaceleração na demanda global com o encerramento da temporada de viagens entre os hemisférios norte e sul.

O ajuste, bem inferior ao adotado nos meses anteriores, reflete uma tentativa de equilíbrio entre garantir receita aos produtores e evitar pressão negativa nos preços. A abordagem gradual sugere também uma preocupação com o excesso de oferta e com a capacidade dos países-membros absorverem os aumentos sem afetar seus mercados internos.

Fatores que influenciam os preços globais

Mesmo com o alívio na produção por parte da Opep+, os preços do petróleo permanecem relativamente altos. Isso se deve, em grande parte, a sanções impostas por países do Ocidente contra grandes produtores como Rússia e Irã. Com o fornecimento limitado desses atores, concorrentes como os Estados Unidos preencheram parcialmente a lacuna, expandindo sua produção.

Além disso, o setor enfrenta impactos da incerteza econômica global, especialmente com sinais de desaceleração em grandes consumidores como China e União Europeia. O fim da alta temporada de consumo também reduz a necessidade de oferta adicional, pressionando os produtores a adotarem estratégias de maior cautela.

Outros aspectos relevantes que seguem no radar do mercado incluem:

  • Oscilações nos estoques estratégicos dos EUA;
  • Variações cambiais influenciadas por taxas de juros dos principais bancos centrais;
  • Decisões políticas internas de países membros da Opep+, como Arábia Saudita.

Perspectiva para os próximos meses

A reunião marcada para este domingo (7) deve selar um novo capítulo no processo de reversão dos cortes da Opep+. Mesmo com a previsão de aumentos moderados, o grupo pensa a longo prazo e já discute desfazer integralmente os cortes adicionais antes de 2025, o que marca uma reviravolta em relação ao cronograma original.

O encontro será realizado de forma remota, refletindo o modelo que o grupo tem adotado desde o início da pandemia. Com a participação ativa de Rússia, Arábia Saudita e seus aliados, as decisões tomadas devem sinalizar ao mercado como a entidade planeja responder às mudanças nas curvas de oferta e demanda.

Por ora, a expectativa é de manutenção de uma estratégia cautelosa, com ajustes graduais e atentos ao cenário global. O volume final do aumento deve ser definido com base em dados recentes de consumo e relatório de estoques, a ser divulgado na próxima semana.

Leia também:

Publicações relacionadas

França precisa agir contra a dívida, afirma presidente do BC francês

Dólar cai no exterior com foco em Fed e feriado nos EUA

Banco do Japão considera aumento de juros com alta salarial