Negociações entre EUA e China avançam em Genebra

As negociações entre Estados Unidos e China, realizadas neste sábado (10) na Suíça, terminaram após mais de dez horas e serão retomadas no dia seguinte. A reunião teve como foco central a redução das tarifas impostas por ambos os países, que assolam o comércio bilateral.

Sem confirmação de avanços concretos, o encontro entre Scott Bessent e He Lifang representou mais uma tentativa de mitigar os impactos de uma disputa que pode prejudicar a economia global.

Longa rodada de negociações prolonga tensão comercial

Ao longo do sábado, as delegações lideradas pelo Secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e pelo Vice-Primeiro-Ministro chinês, He Lifang, se reuniram em Genebra, na histórica "Villa Saladin". Apesar do simbolismo da escolha do local e da longa duração da reunião, os participantes mantiveram-se discretos sobre quaisquer avanços concretos. A discussão girou em torno da possibilidade de aliviar as barreiras tarifárias que elevam os custos de comércio entre as duas potências econômicas.

Fontes diplomáticas confirmaram que a conversa começou formalmente pela manhã com duração de cerca de duas horas antes de uma pausa para almoço. Os diplomatas envolvidos optaram por se manter no anonimato devido à sensibilidade das negociações. Comboios de veículos entrando e saindo do local indicaram que os encontros se estenderam até o fim da tarde, sem comunicação oficial sobre resultados até o momento.

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Tarifas elevadas: bloqueios e consequências

O pano de fundo das conversas é a escalada nas tarifas comerciais imposta pelo presidente Donald Trump, que alcançam até 145% sobre produtos chineses. A China retaliou com sua própria sobretaxa de 125% sobre produtos norte-americanos, dificultando as trocas comerciais que somaram cerca de US$ 660 bilhões no último ano. A tensão tarifária já afeta empresas e cadeias produtivas inteiras nos dois países, além de gerar volatilidade nos mercados financeiros globais.

Entre os pontos de atrito estão:

  • Uma tarifa de 20%, parte de uma pressão dos EUA para conter o envio do opioide sintético fentanil da China para os Estados Unidos.
  • Tarifas adicionais herdadas do primeiro mandato de Trump, que foram amplificadas recentemente.
  • Medidas mais abrangentes de proteção comercial impostas por Washington contra várias nações, mas com ênfase particular na China.

Expectativas modestas para um avanço

Especialistas são céticos quanto à possibilidade de um desfecho imediato promissor. A diretora do programa da China no Stimson Center, Sun Yun, descreveu o encontro como "um primeiro passo" e destacou que quaisquer sinais positivos viriam de uma potencial decisão conjunta de suspender ou reduzir algumas tarifas. No entanto, ela alertou que apenas palavras não seriam suficientes.

Trump, mesmo antes do início formal das negociações, voltou a comentar sobre as tarifas em suas redes sociais, sugerindo um teto de 80%, o que contrasta com sua própria política tarifária em vigor e torna mais incerto o caminho da diplomacia comercial.

Encontro em terreno neutro e esperanças veladas

O local da conversa – a vila do embaixador suíço em Genebra – foi visto como uma escolha estratégica para manter um tom neutro e preservar a confidencialidade. Embora o ambiente tenha sido cuidadosamente planejado para promover o diálogo, até o momento não existem indícios de que os lados estejam perto de um acordo satisfatório.

A continuidade prevista das negociações no domingo é vista como um sinal de disposição para manter a diplomacia ativa, mas também como uma tentativa de evitar que a escalada tarifária se torne permanente e cause danos irreversíveis ao comércio global.

Mesmo com o impasse, o simples fato de que as conversas prosseguirão é interpretado nos bastidores diplomáticos como uma janela de oportunidade para, se não resolver, ao menos estancar a deterioração do comércio entre as duas maiores economias do mundo.

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