A agência de classificação de risco Moody’s divulgou que os Estados Unidos poderão enfrentar um forte agravamento em seu déficit fiscal até 2035. Esse cenário projeta um rombo de 9% do Produto Interno Bruto (PIB), impulsionado por fatores estruturais e envelhecimento da população.
Com base nas pressões orçamentárias crescentes, a Moody’s alerta que a trajetória da dívida pública norte-americana tende a se deteriorar, gerando riscos ao perfil de crédito caso nenhuma medida seja tomada.
O que você vai ler neste artigo:
Projeções fiscais da Moody’s
A avaliação mais recente da Moody’s indica que o déficit federal dos Estados Unidos, hoje em torno de 6,5% do PIB, poderá crescer de forma constante até alcançar 9% em 2035. Esse crescimento está vinculado a pressões permanentes sobre os gastos obrigatórios, como os programas de seguridade social (Social Security) e saúde pública (Medicare e Medicaid).
Além disso, o caminho fiscal atual reflete uma tendência de aumento nos juros da dívida, que deve comprometer uma parcela crescente do orçamento federal ao longo das próximas décadas. Segundo o relatório, os riscos fiscais estão se tornando cada vez maiores em um ambiente de políticas monetárias mais restritivas e juros mais altos.
- Gasto com Previdência Social e Saúde: devem crescer significativamente até 2035.
- Custo da dívida pública: poderá atingir 4% do PIB nesse período.
- Receita como proporção do PIB: projetada em estabilidade, o que limita espaço para cobrir o déficit.
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Impactos da dívida crescente
A Moody’s ressaltou que, caso o aumento da dívida pública não seja contido, isso poderá levar à elevação do prêmio de risco exigido pelos investidores para financiar o Tesouro americano. Essa situação pode resultar não apenas em juros mais altos, como também aumentar a vulnerabilidade do país diante de choques econômicos.
Os analistas alertam ainda que, sem negociação política e avanços em medidas fiscais duradouras, a sustentabilidade das contas públicas ficará cada vez mais comprometida. O atual ambiente político polarizado nos Estados Unidos dificulta a aprovação de reformas fiscais estruturais ou limites de gastos.
Riscos à classificação de crédito
Embora a Moody’s mantenha, por ora, a nota de crédito dos EUA em nível elevado, os sinais de alerta permanecem no radar. A deterioração fiscal persistente pode pressionar a agência a revisar para baixo a perspectiva do país, caso não haja correção de trajetória.
Em 2023, outras agências como Fitch e S&P já rebaixaram suas avaliações da dívida soberana americana, refletindo preocupações similares quanto ao crescimento do endividamento e à ausência de consenso fiscal em Washington.
Elementos estruturais do agravamento
A piora projetada tem uma origem estrutural, segundo o levantamento. O envelhecimento acelerado da população impulsiona o crescimento dos gastos com benefícios sociais, enquanto a arrecadação tributária permanece basicamente constante como proporção do PIB.
Outros fatores que continuam pressionando o lado das despesas incluem:
- Programas vinculados a saúde e aposentadoria
- Crescimento dos repasses federais a estados e municípios
- Aumento no custo de programas de defesa e subsídios econômicos
A longo prazo, a conjunção desses fatores pode reduzir a capacidade federal de investimento produtivo, comprometendo o próprio crescimento econômico futuro.
Medidas alternativas e desafios políticos
A Moody’s observa que há alternativas para mitigar o problema, como cortes de gastos não obrigatórios, aumento de impostos ou reformas na estrutura de benefícios. No entanto, todas as possibilidades encontram barreiras significativas no Congresso.
A polarização política tem adiado decisões importantes sobre o teto da dívida, mudanças no código tributário e regras de controle de despesas, o que agrava ainda mais o cenário fiscal.
A agência ressalta a importância de medidas “significativas e de longo prazo” para restaurar a confiança no equilíbrio das finanças públicas americanas. Caso contrário, o peso crescente do serviço da dívida poderá limitar a capacidade do governo de reagir a futuras crises.
Cenário de médio e longo prazo
O alerta emitido pela Moody’s não é apenas uma constatação de um déficit crescente, mas sim uma preocupação com a trajetória fixa da política fiscal americana. Ainda que hoje a inflação esteja sob controle e o PIB apresente resiliência, os riscos acumulados colocam pressão adicional sobre os formuladores de política econômica.
Portanto, a projeção de um déficit fiscal em 9% do PIB até 2035 evidencia uma necessidade urgente de reforma estrutural, sob risco de deterioração contínua tanto da confiança dos mercados quanto da solidez das contas públicas.
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