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França precisa agir contra a dívida, afirma presidente do BC francês

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França precisa agir contra a dívida, afirma presidente do BC francês — Presidente do BC francês alerta sobre a urgência de enfrentar a dívida e déficit para evitar um futuro econômico mais doloroso.

O presidente do Banco Central da França, François Villeroy de Galhau, alertou para os riscos crescentes relacionados ao adiamento do enfrentamento do déficit fiscal e do alto nível de endividamento do país. Segundo ele, quanto mais o governo atrasar medidas de correção, mais severas e dolorosas serão as soluções futuras.

Este posicionamento ocorre em um momento de turbulência política, com o governo enfrentando um voto de confiança no Parlamento a ser realizado em 8 de setembro, após seu plano orçamentário ser rejeitado pela oposição.

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Alerta sobre finanças públicas

Villeroy, que também integra o conselho de governadores do Banco Central Europeu (BCE), chamou atenção para a urgência de se restaurar o equilíbrio fiscal na França. Em sua avaliação, a correção das contas públicas é inevitável e precisa começar imediatamente. “Quanto mais o nosso país demorar para enfrentar esse problema, mais doloroso será o tratamento”, afirmou durante um evento.

Ele ressaltou ainda que o esforço para reduzir a dívida e o déficit deve ser realizado de maneira justa e amplamente compartilhadapor todos os setores da sociedade. A divisão equitativa dos sacrifícios é um ponto que, segundo ele, dará legitimidade e resiliência à mudança fiscal.

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Risco político e instabilidade

A fala do presidente do Banco Central ocorre em meio a um cenário político delicado. Com o orçamento do governo rejeitado por parlamentares oposicionistas, o primeiro-ministro François Bayrou convocou um voto de confiança no Parlamento. A votação está prevista para ocorrer no dia 8 de setembro, e há risco de o governo colapsar caso não obtenha apoio suficiente.

A instabilidade aumentou nos últimos dias com o anúncio oficial da rejeição do plano orçamentário proposto. Críticos acusam o governo de subestimar a gravidade da situação fiscal, enquanto aliados do Palácio do Eliseu defendem que o plano tem como objetivo iniciar uma trajetória de consolidação responsável da dívida.

Dívida e déficit em níveis críticos

A França encerrou o último ano com uma dívida pública que superou os 110% do Produto Interno Bruto (PIB). Ao mesmo tempo, o déficit fiscal ultrapassou o limite de 3% estipulado pelas regras da União Europeia para os países do bloco. Esse descumprimento coloca o país sob pressão de instituições europeias, especialmente à medida que a Comissão Europeia busca retomar a disciplina fiscal suspensa durante a pandemia.

Diante desse cenário, o Banco Central francês entrou no debate público buscando aplicar pressão técnica para que medidas estruturais de contenção de gastos e aumento de receitas sejam aprovadas. A avaliação corrente da autoridade monetária é que a trajetória atual não é sustentável.

Medidas possíveis e desafios

Entre as alternativas para reduzir o déficit, estão:

  • Redução de subsídios e gastos considerados ineficientes;
  • Reformas no sistema previdenciário e de seguridade social;
  • Reavaliação de isenções fiscais concedidas a grandes empresas e setores específicos;
  • Combate à evasão fiscal por meio de maior rigor na fiscalização;
  • Estímulo ao crescimento econômico aliado a corte de despesas públicas.

Cada uma dessas medidas, no entanto, enfrenta forte resistência política e social. Na prática, a implementação exige capital político que o governo poderá não ter após o voto de confiança parlamentar.

Clima de incerteza e impactos econômicos

A crescente instabilidade política, somada à fragilidade nas contas públicas, pode afetar negativamente a percepção dos mercados sobre a economia francesa. Isso pode resultar em aumento do custo da dívida e pressão sobre os juros.

Villeroy encerrou seu discurso destacando que é justamente para evitar cenários mais extremos que as reformas devem ser realizadas com rapidez e em consenso social. Para ele, o tempo é um fator crítico na condução da política fiscal do país.

Se a França hesitar por mais tempo, os ajustes inevitáveis poderão vir acompanhados não só de mais sacrifícios sociais, mas também de danos institucionais relevantes para a credibilidade econômica do país.

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