Embora o crescimento dos Estados Unidos tenha surpreendido positivamente nos últimos meses, a perspectiva é de que a economia desacelere nos próximos trimestres. Essa é a avaliação de Adriana Kugler, diretora do Federal Reserve (Fed), que ainda vê riscos persistentes de inflação.
Em declarações recentes, ela apontou que a política monetária apertada deve continuar pesando sobre o consumo e os investimentos, o que tende a atenuar o ritmo de expansão. Ainda assim, os dados mostram um mercado de trabalho resiliente e demanda mais forte do que o esperado.
O que você vai ler neste artigo:
Avaliação sobre a economia dos EUA
Adriana Kugler, que participa das decisões de política monetária do banco central americano, afirmou que há sinais de que a atividade econômica começa a reagir às altas sucessivas dos juros. Apesar disso, as projeções de crescimento seguem acima do que muitos analistas esperavam para o primeiro semestre de 2024.
No entanto, a diretora enfatizou que a expectativa é de uma moderação mais visível nos próximos trimestres. Para ela, a combinação entre altos custos de crédito e desaceleração no setor habitacional tende a conter o ímpeto da economia ao longo do ano.
Segundo dados recentes do Bureau of Economic Analysis, o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos cresceu 1,6% no primeiro trimestre, abaixo da projeção de 2,5%. A leitura reforça o argumento de que o efeito defasado da política monetária ainda está em curso.
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Inflação segue como desafio para o Fed
Em suas falas públicas, Kugler reforçou a preocupação com a persistência da inflação em níveis elevados. Apesar da desaceleração significativa desde os picos de 2022, alguns indicadores continuam apontando pressões de preços em setores como aluguéis e serviços.
Além disso, a diretora observou que os ganhos salariais permanecem acima do patamar compatível com a meta de inflação do Fed, de 2% ao ano. O índice de preços ao consumidor (CPI) subiu 3,4% em 12 meses até abril, desacelerando levemente, mas ainda distante da meta oficial.
Diante disso, Kugler se mostrou cautelosa em relação à possibilidade de cortes de juros no curto prazo. Para ela, é necessário ter mais confiança de que a tendência de desinflação é sustentável antes que se possa considerar flexibilizações monetárias.
Mercado de trabalho ainda aquecido
Apesar dos sinais de arrefecimento da economia, o mercado de trabalho americano continua fortalecido. A taxa de desemprego permanece em torno de 3,9%, um dos menores níveis em décadas, e seguem ocorrendo aberturas de vagas, sobretudo nos setores de saúde, educação e lazer.
Kugler destacou que o equilíbrio entre oferta e demanda de trabalho melhorou, mas ainda há escassez de mão de obra em diversas áreas. Esse cenário pressiona os salários e, por consequência, os preços.
A robustez do emprego contribui para a resiliência do consumo, o que dificulta a tarefa do Fed de frear a inflação sem provocar uma recessão significativa. Esse é um dos principais dilemas enfrentados atualmente pela autoridade monetária.
Perspectivas para os próximos meses
Olhando à frente, Kugler projeta que o crescimento deve continuar perdendo fôlego gradualmente, especialmente se os juros se mantiverem em patamares elevados por um período prolongado. Esse cenário é compatível com o atual tom do Fed, que optou por manter os juros entre 5,25% e 5,50%.
Além dos efeitos domésticos da política monetária, Kugler também apontou preocupações com fatores externos. Choques de oferta, como os conflitos no Oriente Médio e tensões comerciais com a China, podem pressionar a inflação global e complicar as decisões do Fed.
Embora o panorama seja desafiador, Kugler ressaltou que o banco central americano continua com todas as ferramentas à disposição para manter a estabilidade de preços e apoiar o pleno emprego. A próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) deverá indicar se haverá mudanças na estratégia adotada até agora.