BlackRock alerta sobre impacto da computação quântica no bitcoin

A BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, emitiu um alerta sobre os impactos potenciais da computação quântica na segurança do bitcoin. A mensagem aparece em um documento de risco apresentado à SEC, relacionado ao seu ETF de bitcoin.

Segundo a gestora, avanços nessa nova fronteira tecnológica podem colocar em xeque a criptografia que mantém a rede bitcoin segura. Embora ainda em desenvolvimento, o poder potencial da computação quântica levanta preocupações.

Computação quântica e a ameaça à segurança

A computação quântica representa uma evolução em relação à computação tradicional. Com base em princípios da mecânica quântica, ela permite processar cálculos em velocidades e formas impraticáveis hoje. Esse desempenho elevadíssimo pode futuramente comprometer algoritmos criptográficos como os usados no bitcoin.

A tecnologia atual que sustenta as transações e a segurança do bitcoin se apoia em algoritmos considerados invioláveis pela computação clássica. No entanto, com um avanço significativo da computação quântica, esses métodos podem se tornar vulneráveis.

A BlackRock ressalta que as criptografias atuais podem ser rapidamente ultrapassadas se a arquitetura quântica evoluir o suficiente. Isso ampliaria a possibilidade de roubos, manipulações e quebras na integridade da rede.

Registro junto à SEC e implicações para investidores

As declarações constam no prospecto do ETF de bitcoin da BlackRock registrado na SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA). Neste tipo de documento, as gestoras precisam listar todos os riscos que podem afetar o desempenho do fundo.

Entre os pontos levantados, a empresa afirma que falhas anteriores em códigos de ativos digitais já resultaram em roubo de fundos e exposição de dados. Com a computação quântica, esse tipo de falha pode se tornar ainda mais impactante e recorrente.

Outro alerta da BlackRock diz respeito à dificuldade em prever exatamente quando uma ameaça quântica real se tornaria viável. Isso cria um desafio adicional: a necessidade de preparar a rede e os investidores antes que o problema se concretize.

A resposta da comunidade Bitcoin

Apesar do cenário desafiador, a comunidade do bitcoin não está alheia à questão. Projetos de pesquisa e desenvolvimento já estão em andamento para criar criptografias resistentes à computação quântica.

Contudo, a própria BlackRock pondera que não há garantias sobre o sucesso dessas iniciativas. A transição para novas arquiteturas criptográficas envolve profundas mudanças no código da rede, além de depender de um consenso entre milhares de participantes espalhados globalmente.

Não é apenas o desenvolvimento dessas ferramentas que preocupa, mas também a dificuldade de implementação em larga escala e em tempo hábil. Isso deixa em aberto a possibilidade de ataques contra sistemas ainda não atualizados.

O efeito no valor do BTC e de ETFs

Se a computação quântica evoluir a ponto de comprometer a criptografia do bitcoin sem que haja atualização eficaz na rede, as consequências podem ser severas. O valor dos bitcoins armazenados — inclusive em ETFs — poderia despencar.

A gestora alerta que um agente malicioso, com acesso quântico avançado, pode tomar posse de bitcoins protegidos por criptografias ultrapassadas. Além da perda direta desses ativos, isso comprometeria a usabilidade da rede Bitcoin, prejudicando sua confiabilidade geral.

Ademais, a incerteza em torno da capacidade de reação da rede diante dessa disrupção tecnológica amplia o risco de mercado para quem investe no ativo através de fundos.

O horizonte da inovação e a urgência da adaptação

Embora especialistas considerem que a computação quântica ainda não representa uma ameaça prática hoje, o avanço contínuo da tecnologia exige atenção. Estima-se que, se atingir certos patamares de poder computacional, será tecnicamente possível desbloquear carteiras bitcoin através de técnicas inconcebíveis atualmente.

Curiosamente, o próprio criador do bitcoin, Satoshi Nakamoto, deixou aberto o caminho para adaptações futuras caso surgissem essas ameaças criptográficas. Isso reforça a necessidade de agilidade por parte da comunidade em antecipar mudanças.

Em suma, o alerta da BlackRock joga luz sobre um tema que está deixando o campo puramente teórico. A coexistência entre criptomoedas e tecnologias emergentes como a computação quântica exigirá uma resposta coordenada, tecnicamente robusta e amplamente aceita por toda a rede.