A crescente popularidade dos bonecos Labubu, criados pelo artista Kasing Lung, vem chamando atenção em todo o mundo, inclusive no Brasil, mas também tem se tornado terreno fértil para a prática de fraudes digitais. A promessa de preços baixos levou consumidores a sites falsos, onde dados financeiros são capturados por golpistas.
Empresas como a Kaspersky já identificaram uma onda de plataformas fraudulentas que usam o nome da marca para enganar compradores. A seguir, veja como esses golpes funcionam e o que fazer para evitar cair neles.
O que você vai ler neste artigo:
Como funcionam os golpes com os bonecos Labubu
O modelo de negócio dos Labubu contribui para o cenário favorável aos criminosos. Os bonecos são vendidos em “caixas surpresa”, com a possibilidade de conter versões raras que podem ultrapassar os US$ 3 mil. Essa dinâmica gera um senso de urgência e desejo por ofertas vantajosas, o que aumenta a vulnerabilidade dos consumidores.
A Kaspersky identificou sites falsos que imitam com precisão revendedores confiáveis da marca, como a Pop Mart. Alguns deles oferecem “produtos originais importados do Japão” por preços extremamente abaixo do mercado — valores como R$ 47,90, enquanto os bonecos comuns costumam custar entre R$ 250 e R$ 400. Versões limitadas podem alcançar até R$ 1.700.
Os golpistas costumam:
- Imitar a identidade visual de sites oficiais;
- Registrar domínios com nomes falsos;
- Divulgar os sites por meio de redes sociais e anúncios patrocinados no Google;
- Utilizar páginas com aparência profissional para gerar confiança.
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Táticas de engenharia social envolvidas nas fraudes
Além da cópia dos sites, os criminosos exploram elementos psicológicos que aumentam o risco de fraude. A ansiedade para garantir um item raro, o receio de perder uma suposta oferta e a falsa sensação de segurança ao encontrar links patrocinados são algumas das armas utilizadas.
Segundo María Isabel Manjarrez, pesquisadora da Kaspersky, a prática mais comum é o roubo direto de dados financeiros e pessoais. Essas informações podem ser utilizadas para cometer novas fraudes ou até mesmo serem vendidas na deep web e dark web.
O perfil das vítimas também chama atenção. A pesquisa Reality Check revelou que 60% dos millennials já caíram em armadilhas digitais, mesmo que 71% deles se considerem “gurus de TI”. Isso indica um excesso de confiança que pode custar caro no ambiente digital.
Como identificar um site ou oferta suspeita
Detectar um golpe online exige atenção aos detalhes. Muitas vezes, a única diferença entre um site verdadeiro e um falso está no domínio ou em pequenos erros gráficos. Uma simples busca no Google pode ajudar a verificar a autenticidade da loja.
Aqui estão sinais comuns de fraude:
- Promessas de produtos muito abaixo do preço de mercado;
- Sites com domínio incomum ou com variações do nome original;
- Pagamento exclusivo por Pix ou boleto bancário;
- Ausência de informações claras sobre a empresa (como CNPJ ou endereço físico);
- Falta de canais de contato confiáveis.
Também é importante desconfiar de páginas recém-lançadas ou que não possuem histórico de avaliações em plataformas como o Reclame Aqui. Repetições e erros de português em textos institucionais são outras bandeiras vermelhas.
Medidas de proteção recomendadas
Para se proteger, especialistas recomendam práticas básicas de segurança preventiva. Uma delas é evitar o uso do cartão físico. O ideal é realizar compras com cartão virtual e, preferencialmente, cartão de crédito, que facilita eventuais estornos em caso de fraude.
Lista de boas práticas:
- Use sempre cartões virtuais para compras online;
- Não confie automaticamente em links patrocinados;
- Instale softwares de segurança em celular e computadores;
- Verifique a reputação da loja antes de qualquer compra;
- Evite inserir dados pessoais em sites sem certificados de segurança (https);
- Prefira plataformas consolidadas de e-commerce com boa pontuação de confiabilidade.
Caso desconfie de ter caído em um golpe, o primeiro passo é alterar imediatamente todas as senhas utilizadas na transação. Se houve inserção de dados bancários, é fundamental bloquear o cartão e comunicar a instituição financeira, que poderá oferecer suporte — inclusive estorno ou suspensões de movimentações suspeitas.
Quem está mais suscetível a esse tipo de golpe?
Dados da pesquisa Radar Febraban, de março de 2025, mostram que 38% dos brasileiros sofreram ou quase sofreram golpes financeiros — um aumento em relação aos 33% registrados em setembro de 2024. O levantamento aponta que:
- Homens são os mais atingidos (44%);
- Pessoas com 60 anos ou mais aparecem com 42%;
- Indivíduos com ensino superior completam a lista com 41%.
Além desses grupos, consumidores ávidos por produtos populares e de alta valorização — como os Labubu — tornam-se alvos atraentes. A escassez e o potencial de revenda das edições raras intensificam esse apelo.
Conclusão
A popularidade dos bonecos Labubu os transformou em mais do que um fenômeno cultural: tornaram-se uma ferramenta para cibercriminosos aplicarem golpes em escala global. Com ofertas tentadoras, esses criminosos manipulam o desejo do consumidor e se aproveitam da pressa nas compras para capturar dados valiosos.
A melhor defesa é a informação. Verificar a veracidade das promoções, desconfiar de preços muito abaixo do mercado e adotar medidas básicas de segurança digital são passos fundamentais para aproveitar o universo dos colecionáveis sem correr riscos. A responsabilidade está cada vez mais nas mãos dos próprios usuários — que devem proteger não apenas seus dados, mas sua tranquilidade.