OpenAI e Microsoft renegociam parceria bilionária

A OpenAI e a Microsoft estão redesenhando os termos de sua aliança estratégica com foco em garantir acesso contínuo às tecnologias de ponta em inteligência artificial. O novo acordo deve permitir à criadora do ChatGPT avançar em seus planos de abertura de capital.

Segundo o Financial Times, a renegociação também envolve uma reestruturação de governança, que visa adaptar a OpenAI a um modelo comercial mais atrativo, sem romper com objetivos de impacto social.

Parceria bilionária em transformação

Desde 2019, a Microsoft se consolidou como o principal investidor na OpenAI, acumulando aportes superiores a US$ 13 bilhões. Esse relacionamento garantiu à empresa de Redmond acesso privilegiado aos modelos da startup, como GPT-4, além de licenciamento exclusivo para integração em seus produtos, como o Copilot do Microsoft 365.

Agora, uma nova rodada de negociações está em curso para redefinir a participação da Microsoft em uma futura estrutura corporativa da OpenAI, prevista para ser convertida em uma PBC (Public Benefit Corporation). A mudança favoreceria uma futura abertura de capital, permitindo atrair investidores institucionais com expectativa de retorno financeiro — algo limitado no modelo atual.

Segundo fontes do jornal britânico, a Microsoft estaria disposta a aceitar uma participação menor no novo veículo societário. Em troca, garantiria acesso contínuo e prioritário aos futuros modelos de IA desenvolvidos além de 2030, hoje protegidos por um contrato de colaboração em vigor até esse ano.

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O papel da Microsoft na governança da OpenAI

A reestruturação também envolve mudanças na governança da OpenAI. A companhia foi originalmente concebida como uma organização sem fins lucrativos em 2015, por nomes como Sam Altman e Elon Musk. Com o tempo, incorporou uma subsidiária com fins lucrativos limitados, que permitiu novos aportes, como o primeiro bilionário da Microsoft, ainda em 2019.

Apesar disso, o controle final permanece nas mãos de um conselho sem fins lucrativos, responsável por salvaguardar as diretrizes da empresa, voltadas ao “benefício da humanidade”. Essa estrutura, considerada rígida por parte do mercado, vem sendo revista.

Em maio de 2024, a OpenAI optou por interromper planos que transfeririam a autoridade decisória do conselho. Ainda assim, manteve a intenção de transformar a empresa em uma PBC — modelo semelhante ao adotado por rivais como a Anthropic e a xAI. Nessa configuração, o conselho manteria poder decisório relevante, mas o formato daria mais segurança jurídica e retorno potencial aos investidores.

Pressão de investidores e estrutura para IPO

Em rodadas recentes de financiamento, como a de US$ 6,6 bilhões liderada pela SoftBank e Microsoft em outubro de 2023, e a de US$ 40 bilhões em março de 2024, acordos estipularam que os aportes visam a uma futura transformação societária. Esses contratos preveem participação acionária na nova empresa e cláusulas de reembolso caso a OpenAI não se converta em uma PBC efetivamente.

Dessa forma, a reformulação torna-se fundamental para viabilizar um IPO da OpenAI, que já é avaliada em cerca de US$ 260 bilhões. A transição de uma estrutura sem fins lucrativos para um modelo híbrido de impacto público e retorno financeiro é interpretada por analistas como uma adequação às exigências do mercado de tecnologia e capital privado.

Atritos e desafios entre as gigantes da tecnologia

Apesar da sinergia comercial, o Financial Times também apontou indícios de esfriamento na relação entre Microsoft e OpenAI. Embora as empresas sigam integradas por meio do uso conjunto de infraestrutura de nuvem e co-desenvolvimento de produtos, tensões recentes indicam divergências estratégicas.

Entre os fatores que contribuem para esse distanciamento estariam:

  • Disputas sobre controle e acesso a futuros modelos de IA;
  • A independência da OpenAI ao firmar acordos com outras empresas e investidores;
  • O desejo da OpenAI de expandir suas possibilidades de negócios sem depender exclusivamente da Microsoft.

Ainda assim, ambas mantêm interesses convergentes no avanço da inteligência artificial generativa. A Microsoft aposta fortemente nos modelos da OpenAI para competir com Google e Amazon em serviços baseados em IA, o que torna fundamental assegurar esse alinhamento tecnológico no longo prazo.

Caminho para o futuro

A conversão da OpenAI em uma Public Benefit Corporation está no centro das mudanças estudadas. Além de permitir recompensar financeiramente seus investidores, esse modelo mantém compromissos sociais em sua missão. Além disso, abre caminho para uma oferta pública inicial de ações (IPO), objetivo considerado viável para os próximos anos.

Entretanto, mesmo com avanços nas negociações com a Microsoft, a OpenAI precisará lidar com desafios regulatórios e de governança. Um dos compromissos assumidos com seus investidores é a manutenção de poder relevante por parte do conselho sem fins lucrativos, que continuará a nomear diretores e definir diretrizes éticas para os negócios.

As decisões que forem tomadas ao longo das próximas semanas devem definir o futuro da OpenAI como uma das líderes globais no mercado de IA — e moldar a maneira como as empresas do setor equilibram missão social e viabilidade econômica no ambiente altamente competitivo da tecnologia.

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