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Tarifa de 50% eleva volatilidade, mas ativos brasileiros mantêm resiliência

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Tarifa de 50% eleva volatilidade, mas ativos brasileiros mantêm resiliência — Tarifa de 50% eleva volatilidade no mercado, mas ativos brasileiros como o real seguem com viés otimista para 2023.

O anúncio inesperado das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros por parte dos Estados Unidos gerou apreensão imediata no mercado financeiro. No entanto, não impediu que investidores mantivessem uma perspectiva positiva para ativos como o real.

O movimento é visto como pontual e ainda dependente de desdobramentos políticos, o que mantém o viés de longo prazo mais otimista. A expectativa predominante é de que prevaleça uma solução diplomática entre os dois países.

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Reação inicial dos mercados e fundamentos do real

Após o anúncio de Donald Trump, o real sofreu uma forte desvalorização, marcada por uma alta volatilidade ao longo da semana. Ainda assim, analistas consideram que os fundamentos da moeda brasileira continuam sólidos, sustentados pelas taxas de juros reais elevadas, diferenciais de retorno atrativos e ajustes na política monetária local.

Mesmo diante da retórica mais dura vinda dos EUA, o presidente brasileiro respondeu de forma institucional. Segundo analistas como Bertrand Delgado, do Société Générale, a reação provavelmente tende para a via diplomática e de negociação, minimizando os riscos de uma retaliação imediata e permitindo a estabilização do câmbio.

Além disso, o nível de resistência do real em torno de R$ 5,60 por dólartem sido respeitado, o que reforça a leitura de que os fundamentos continuam servindo como âncora frente a choques externos.

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Perspectiva de recompra e sustentação estrangeira

A avaliação predominante entre grandes instituições financeiras como HSBC, Barclays, Citi e Crédit Agricole é de que os ativos brasileiros devem retomar trajetória positiva. Para isso, contam tanto com a continuidade de política monetária conservadorapor parte do Banco Central quanto por um ambiente externo que favorece moedas de países emergentes.

O Barclays, por exemplo, mantém posições compradas em uma cesta de moedas de carry elevado, incluindo o real. O raciocínio é que, mesmo com a tensão tarifária, moedas como a brasileira ainda oferecem atratividade por conta dos juros elevados ajustados à volatilidade (carry-to-vol).

Mais uma vez, o protagonismo dos investidores estrangeiros se mostra essencial. Caso permaneça o apetite por ativos locais e seja evitada uma saída abrupta de capitais, a tendência é de estabilidade e até valorização da moeda no médio prazo, com projeções de câmbio em R$ 5,00 no fim de 2026, segundo análise do HSBC.

Impactos econômicos e reações prováveis

O impacto direto calculado para o PIB brasileiro, segundo o Crédit Agricole, varia entre 0,2 a 0,4 ponto percentual, o que limita os riscos macroeconômicos mais amplos no curto prazo. Além disso, especialistas como Victor Scalet, da XP, destacam que o efeito desinflacionário da tarifa — via desaceleração da demanda — pode se sobrepor à pressão cambial, aliviando possíveis aumentos nos juros futuros.

Dessa forma, há consenso de que, a menos que ocorra uma forte reação do governo brasileiroou que os mercados comecem a detectar deterioração estrutural nas relações diplomáticas, a curva de juros futuros no Brasil poderá incorporar níveis mais baixosfrente às expectativas anteriores ao anúncio de Trump.

Entretanto, é fato que a imprevisibilidade de uma escalada nas relações bilaterais permanece como risco latente, mesmo para os estrategistas mais otimistas. O real poderá ser mais intensamente pressionado caso surjam novos episódios de confronto direto ou articulações políticas que comprometam a confiança do investidor.

Expectativas para o curto e médio prazo

A partir da leitura dos mercados, a maior parte dos analistas acredita que a reação dos preços vista inicialmente foi exagerada, com tendência de correção à medida que se aproximam as negociações diplomáticas. Isso explicaria a continuidade da recomendação “overweight” (compra) para o real por casas como Citi e Crédit Agricole, mesmo após o choque tarifário.

Dessa forma, apesar do aumento da volatilidade, o otimismo de médio prazo ainda encontra sustentação:

  • Valuation atrativode ações e títulos brasileiros;
  • Juros reais elevados, mesmo após fim do ciclo de alta;
  • Ambiente cambial global favorável, com dólar mais fraco;
  • Resiliência políticaantecipada antes das eleições de 2026.

O que se observa, portanto, é que embora o episódio tarifário tenha desorganizado pontualmente o mercado, não alterou a percepção de que as condições macroeconômicas e monetárias do Brasil continuam favoráveis para o investidor. A depender da condução política nos próximos meses, o real tem espaço para recuperar terreno e voltar a se valorizar frente ao dólar.

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