A política econômica baseada em tarifas de importação, como as recentemente adotadas pelos Estados Unidos, foi criticada pelo diretor de política monetária do Banco Central (BC), Nilton David. Em transmissão pública promovida pela autarquia, ele reforçou que tais barreiras comerciais prejudicam o próprio país que as impõe.
Segundo David, ao restringir importações, os americanos acabam comprometendo sua própria produtividade. O mecanismo encarece os insumos e diminui o dinamismo econômico, dificultando o avanço tecnológico e da competitividade frente ao resto do mundo.
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Impactos negativos do tarifaço sobre a produtividade
Nilton David argumentou que a imposição de tarifas compromete a liberdade de acesso a insumos mais eficientes, o que limita inovações e afeta diretamente a produtividade da economia que impõe medidas protecionistas. Com a restrição, os Estados Unidos deixam de aproveitar oportunidades para ampliar sua eficiência industrial em um cenário global altamente competitivo.
Além disso, o diretor destacou que, ao contrário dos EUA, os países que não adotam esse tipo de política preservam sua capacidade de importar livremente. Essa dinâmica tende a manter ou até elevar os níveis de produtividade dessas nações, uma vez que continuariam usufruindo de recursos e tecnologias de forma mais barata e eficiente.
Como consequência, projeta-se um efeito adverso sobre a economia americana ao longo dos anos, com um “degrau para baixo”, nas palavras de David, no desempenho econômico em relação aos parceiros comerciais.
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Repercussões sobre o dólar e a relevância internacional
A discussão também abordou o impacto desse cenário sobre o dólar. Nilton David observou que é viável esperar uma correção cambial para baixo, já que a política de tarifas reduz a competitividade externa dos EUA, afetando a confiança global na robustez da sua moeda.
Apesar disso, o diretor não enxerga um cenário de médio prazo em que o dólar deixe de ser a principal moeda de referência mundial. Mesmo com movimentos de alguns países em busca de alternativas, a hegemonia americana persiste, facilitada pela profundidade e liquidez do mercado financeiro dos EUA. Segundo ele, essa posição deve permanecer inalterada em um horizonte de cinco a dez anos.
Câmbio flutuante e intervenção do Banco Central
Durante o evento, Nilton David também detalhou aspectos do regime cambial brasileiro. Ele reforçou que o Brasil adota o sistema de câmbio flutuante, no qual o valor do real é determinado pela oferta e demanda de mercado.
O BC, segundo David, não atua para estabilizar uma determinada cotação da moeda, mas sim para corrigir distorções que indiquem disfuncionalidades no mercado. Em suas palavras, "não existe nível de câmbio que faça o Banco Central intervir", sendo essa decisão guiada exclusivamente por fatores técnicos.
Ao ser questionado sobre a redução do estoque de contratos de swap cambial, David foi categórico: a ferramenta existe para ser usada de acordo com a necessidade, sem compromisso fixo com aumento ou diminuição. O swap cambial é utilizado principalmente como instrumento de política monetária e gestão da liquidez, e não como mecanismo de controle de câmbio.
Considerações sobre o ambiente econômico atual
As observações do diretor foram feitas em um contexto mais amplo, no qual o Brasil continua enfrentando desafios para manter o equilíbrio entre crescimento econômico e estabilidade monetária. Em declarações recentes, o BC justificou o aumento da taxa de juros justamente pela percepção de que o país vem crescendo acima de seu potencial sustentável, o que pode gerar pressões inflacionárias.
Juntas, essas declarações oferecem uma leitura crítica não só da conjuntura internacional, mas também da estratégia regulatória brasileira, alinhada com fundamentos de mercado e estabilidade de longo prazo. O olhar cauteloso sobre políticas que afetam o comércio internacional aponta para uma tentativa de preservar a eficiência econômica diante de um cenário externo mais protecionista.
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