As razões da prisão e tortura de Dilma Rousseff na ditadura

Dilma Rousseff foi presa em janeiro de 1970 aos 22 anos de idade por envolvimento em organizações de esquerda que combatiam o regime militar institucionalizado no Brasil após o golpe de 1964. Sua prisão ocorreu em São Paulo, quando integrava a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares).

Durante três anos de detenção, foi submetida a sessões de tortura e à cassação dos seus direitos políticos. A repressão tinha como objetivo extrair informações e desarticular os movimentos de oposição ao regime autoritário.

Atuação política e militância na juventude

Dilma iniciou sua militância política aos 16 anos na Organização Revolucionária Marxista — Política Operária (Polop), uma corrente que criticava tanto a repressão militar quanto a passividade de alguns setores da esquerda.

Logo depois, ingressou no Comando de Libertação Nacional (Colina), grupo que defendia a resistência armada como forma de enfrentamento à ditadura. Em 1969, o Colina se uniu à Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), criando a VAR-Palmares, organização à qual Dilma passou a integrar antes de ser presa.

A atuação desses grupos envolvia diversas ações contra o regime, como distribuição de panfletos, protestos clandestinos e, em alguns casos, ações armadas. Embora tenha sido presa sob o argumento de subversão, Dilma sempre afirmou que nunca participou de atividades armadas, como assaltos ou sequestros.

Quer impactar quem entende de finanças?

Divulgue sua marca em um site focado em finanças, investimentos e poder de compra.

Prisão e denúncias de tortura

Em 1970, após cerca de um ano vivendo clandestinamente, Dilma foi capturada em São Paulo. Durante seu período de reclusão, foi levada para unidades da repressão política, incluindo a Operação Bandeirantes (Oban), o Centro de Informações do Exército (CIE) e o Departamento de Ordem Política e Social (Dops).

Nesses locais, sofreu múltiplas formas de tortura física e psicológica. Os métodos incluíram:

  • Pau de arara
  • Palmatória
  • Choques elétricos
  • Espancamentos com socos e chutes

Essas práticas foram amplamente utilizadas por órgãos da repressão durante o regime militar contra presos políticos, como forma de coerção para obtenção de informações.

Condenação e consequências políticas

Dilma foi condenada em tribunal militar a seis anos e um mês de reclusão. Além disso, teve seus direitos políticos suspensos por uma década. Ela cumpriu parte da pena até o final de 1972, quando conquistou a liberdade após decisão do Superior Tribunal Militar (STM), que reduziu sua sentença.

Mesmo após ser libertada, seguiu vigiada pelo regime, como muitos outros ex-presos políticos. Durante o cárcere, Dilma perdeu a capacidade de continuar os estudos regulares e ficou temporariamente afastada das atividades públicas.

Reconhecimento pela Comissão de Anistia

Décadas mais tarde, as violações que sofreu foram reconhecidas oficialmente pelo Estado brasileiro. Em 2024, a Comissão de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania concedeu a anistia política à ex-presidente, reconhecendo as graves violações de direitos humanos cometidas contra ela.

Com a decisão, Dilma Rousseff passou a ter direito a uma indenização de R$ 100 mil, valor que simboliza a reparação pelos danos físicos e psicológicos causados durante o período de prisão e tortura.

Esse reconhecimento se soma a outros casos emblemáticos de militantes da resistência à ditadura militar que foram perseguidos e cujas condições de prisão feriram tratados internacionais de direitos humanos.

Combate às fake news envolvendo sua prisão

Desde que se tornou figura pública nacional, Dilma Rousseff tem sido alvo de desinformações e boatos sobre seu envolvimento com ações armadas.

Entre as alegações falsas mais difundidas está a de que ela teria participado de um assalto à agência do Banespa em 1968. Entretanto, averiguações históricas e checagens de fatos descartaram qualquer envolvimento dela nesse episódio:

  • Ela não morava em São Paulona data do crime citado.
  • A foto amplamente divulgada como sendo do julgamento do assaltoao Banespa é, na verdade, da audiência de seu julgamento por subversão.
  • A agência de checagem "Aos Fatos" desmontou a narrativa, esclarecendo o contexto histórico incorreto vinculado ao seu nome.

Essa tentativa recorrente de associar Dilma a crimes que não cometeu aponta para estratégias políticas de deslegitimar a sua trajetória de resistência contra a ditadura militar.

A história documentada, contudo, permanece como registro da violência do regime de exceção e da repressão sistemática enfrentada por opositores políticos entre as décadas de 1960 e 1970.

Leia também:

O Blog Invista Finanças não dá conselhos ou dicas de investimentos. Nosso objetivo é levar informações sobre os tipos de investimentos de forma acessível e fácil a todos que querem aprender mais sobre o mundo das finanças e seus conceitos.

Publicações relacionadas

Impactos negativos da política do tarifaço na economia global

Caixa paga abono salarial para novo grupo em maio

Lula espera posicionamento dos EUA na COP30