O Itaú Unibanco iniciou nesta semana uma série de demissões, justificando os desligamentos com base em uma revisão de condutas ligadas ao regime de trabalho remoto. As dispensas ocorreram de forma silenciosa e começaram a circular nas redes sociais através de relatos de ex-funcionários.
Embora não haja número oficial divulgado, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região se manifestou contra as demissões, classificando a iniciativa como injustificável frente aos lucros expressivos do banco.
O que você vai ler neste artigo:
Contexto das demissões
O corte de funcionários promovido pelo Itaú está relacionado a uma análise de produtividade e cumprimento de jornada durante o regime híbrido. O banco, que tem 95.714 funcionários — sendo 85.775 apenas no Brasil —, mantém aproximadamente 60% dos profissionais nesse modelo, no qual é exigida a presença física oito vezes por mês.
Conforme divulgado pelo próprio Itaú, os desligamentos ocorreram a partir de uma "revisão criteriosa de condutas relacionadas ao trabalho remoto e registro de jornada". Em seu posicionamento oficial, a instituição alegou que alguns padrões comportamentais foram considerados "incompatíveis com nossos princípios de confiança, que são inegociáveis".
Apesar da ausência de números oficiais, a movimentação ganhou repercussão nas redes sociais entre profissionais do setor financeiro, sugerindo que o número de desligados pode ser significativo.
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Posicionamento do sindicato
O Sindicato dos Bancários foi direto ao criticar a atitude do Itaú, apontando a contradição entre os cortes e os lucros bilionários do banco. Para a entidade, a justificativa de "baixa produtividade" é uma forma de mascarar demissões em massa que poderiam ser evitadas com diálogo e alternativas de realocação interna.
Em nota oficial, o sindicato destacou:
- O banco não procurou a entidade sindical previamente para negociar alternativas.
- Os avanços tecnológicos do setor bancário, ao invés de resultarem em cortes, deveriam permitir melhores condições de trabalho.
- Haverá intensificação nos protestos contra as demissões e cobrança de responsabilidade social por parte do banco.
O sindicato considera as dispensas como um descumprimento do compromisso social que o banco deveria manter com seus colaboradores, especialmente em um momento em que aumentam os índices de adoecimento mental entre trabalhadores em regime remoto e híbrido.
Trabalho remoto no Itaú e medidas de controle
Entre os principais fatores que teriam levado às demissões está o suposto descumprimento de carga horária e produtividade abaixo do esperado durante o home office. Fontes do setor indicam que o Itaú adotou tecnologias de monitoramento de jornada, poucos anos após a ampla migração para o regime híbrido, implementado durante a pandemia.
De acordo com o modelo atual do banco:
- 40% dos colaboradores trabalham presencialmente, sobretudo em áreas de atendimento direto ao cliente.
- 60% atuam em modelo híbrido, com exigência mínima de oito dias presenciais ao mês.
- O acompanhamento da jornada é feito por sistemas de ponto eletrônico, mesmo fora dos escritórios.
Em função disso, especialistas em gestão de pessoas e sindicatos apontam que a atual política exige maior transparência por parte da instituição — especialmente ao tomar decisões consideradas drásticas em relação a performance no home office.
Repercussão no mercado e cenário pós-pandemia
A tendência de retorno ao presencial, ainda que parcial, tem sido discutida amplamente no setor bancário. O caso do Itaú reacende um debate sobre como bancos e grandes corporações devem lidar com a produtividade à distância, especialmente após três anos de adaptação tecnológica intensa.
Enquanto algumas empresas flexibilizaram as exigências de presença física diante do bom desempenho de equipes remotas, outras têm adotado um modelo mais rígido, acompanhando métricas de desempenho em tempo real e reforçando políticas internas de controle.
A repercussão negativa contra o Itaú vem não apenas de funcionários, mas também da opinião pública, preocupada com a falta de transparência nas métricas avaliadas e com o impacto humano e psicológico de demissões motivadas por produtividade. Críticos alegam que esse tipo de prática pode ferir os princípios de gestão humanizada, frequentemente difundidos pelo próprio banco em campanhas institucionais.
Conclusões e próximos passos
O episódio se insere em um contexto mais amplo de redefinição das normas de trabalho nos setores corporativos, especialmente no mercado financeiro. Embora o banco alegue que a decisão preserva valores como confiança e responsabilidade, sindicatos e parte da sociedade civil veem nas demissões uma medida questionável — principalmente diante dos resultados financeiros robustos do Itaú.
O Sindicato dos Bancários promete intensificar protestos e articulações. Já o Itaú mantém a posição de que segue critérios internos rigorosos. Com o aumento da vigilância da sociedade sobre as práticas de trabalho, é provável que o caso siga repercutindo entre especialistas, órgãos representativos e possíveis investigações trabalhistas futuras.