Apesar da recuperação ainda moderada do mercado acionário, gestores de fundos mantêm uma perspectiva otimista para o desempenho da bolsa nos próximos meses. A possibilidade de mudança no governo tem sido vista como um fator importante de estímulo.
De acordo com o levantamento da XP com 34 gestores, há uma percepção crescente de que uma eventual alternância no poder pode gerar efeitos positivos no ambiente econômico e no apetite por risco.
O que você vai ler neste artigo:
Expectativa de alternância fortalece otimismo no mercado
Mesmo com um desempenho considerado aquém do esperado da bolsa brasileira em 2024, gestores de recursos seguem confiantes de que o mercado pode reagir melhor nos próximos trimestres. A volatilidade política, geralmente vista como fator de risco, está sendo encarada de maneira oposta: para muitos, a possibilidade de uma mudança de governo nas próximas eleições pode destravar investimentos hoje represados.
Dentro dessa visão, a alternância no comando do Executivo federal poderia trazer maior previsibilidade na atuação do Estado, especialmente no que diz respeito ao controle de gastos públicos e à condução da política monetária e fiscal. Essa percepção encontra eco em parte do setor financeiro, que demonstra maior receptividade a nomes ligados a práticas liberais.
Além disso, o aumento da pressão sobre o atual governo em temas como responsabilidade fiscal, arcabouço econômico e relação com o Congresso Nacional tem reforçado o sentimento de insatisfação de parcela do mercado. Com isso, muitos gestores enxergam na possibilidade de um novo ciclo político a chance de reposicionamento estrutural da economia.
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Riscos políticos e desempenho setorial
Apesar desse otimismo, há também o reconhecimento de riscos latentes. A incerteza política e a dificuldade de aprovação de medidas estruturantes no Congresso ainda travam decisões de maior porte por parte de investidores institucionais. O embate entre Executivo e Legislativo segue como um dos principais focos de atenção.
Setorialmente, setores ligados à economia doméstica, como varejo, infraestrutura e construção civil — normalmente sensíveis a mudanças de clima econômico — são apontados pelos gestores como os mais propensos a se beneficiarem caso o mercado antecipe uma alternância de governo. Além disso, ações de bancos e empresas exportadoras continuam com recomendação positiva, sobretudo diante de um cenário externo mais estável que favoreça emergentes.
Mesmo com as indefinições, há uma postura ativa na reavaliação dos portfólios, com incentivo a alocações em empresas descontadas ou mal precificadas, consideradas oportunidades de valorização diante de uma possível virada política.
Fluxo estrangeiro e comparativo com emergentes
Um ponto recorrente nas análises é a comparação do desempenho da bolsa brasileira com mercados emergentes pares. O Brasil tem ficado atrás no fluxo de entrada de capital estrangeiro — algo que, segundo os gestores consultados pela XP, poderia mudar com um novo ambiente político mais alinhado às expectativas fiscais e de credibilidade internacional.
Com uma taxa Selic em processo de flexibilização, ainda que em ritmo mais lento, o Brasil continua atrativo para estratégias de yield e, caso haja maior estabilidade institucional, fundos estrangeiros de ações podem migrar parte de seus recursos para o mercado local.
Outro fator levantado pelos gestores é que o Brasil pode se beneficiar de uma tendência de diversificação geopolítica de portfólios internacionais, sobretudo em comparação com China e Rússia, onde o ambiente de negócios é considerado mais opaco.
Dados da pesquisa da XP e perspectivas
Segundo os resultados coletados pela XP em outubro de 2023, 47% dos gestores entrevistados apontaram a política como principal influência no comportamento da bolsa no curto prazo — à frente de fatores macroeconômicos ou internacionais.
Além disso, entre os que esperam desempenho positivo do Ibovespa, os argumentos mais citados estão associados a:
- Melhoria na percepção de risco político-institucional
- Potencial de valorização nos ativos descontados
- Cenário externo favorável a emergentes
Na prática, o cenário ainda exige cautela. Parte dos analistas acredita que alterações materialmente favoráveis ao mercado só ocorreriam após indicações mais firmes de mudança na condução da política econômica, o que naturalmente depende de suas consequências eleitorais.
Conclusão refletida no comportamento dos gestores
Enquanto o mercado busca sinais mais evidentes sobre o rumo da política nacional, gestores mantêm suas apostas baseadas no potencial transformador de uma nova administração federal. Para muitos, a antecipação dessa expectativa pode ser suficiente para aquecer os mercados, com destaque para a bolsa. O cenário continua desafiador, mas tudo indica que o campo político terá peso crucial na dinâmica do mercado nos próximos meses.
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