Diante da recente trégua nas tensões econômicas globais, os mercados começam a adotar uma visão menos alarmista sobre temas tarifários. Esse movimento ocorre sobretudo após as sinalizações de moderação das grandes potências, como China e Estados Unidos, aliviando preocupações com uma possível guerra comercial.
Neste novo cenário, especialistas do setor financeiro avaliam que tarifas e políticas pontuais passam a ter um peso mais simbólico no desempenho dos ativos. Uma dessas vozes é a de Charles Ferraz, sócio-fundador da gestora ASA Investments.
O que você vai ler neste artigo:
Visão mais estratégica e menos emocional do mercado
De acordo com Charles Ferraz, que participou do XP Expert 2024, as tarifas comerciais devem ser vistas cada vez mais como “ruído de curto prazo”, e não como um fator estrutural capaz de alterar tendências sólidas no mercado global. Para ele, os investidores hoje estão mais preparados para entender o impacto real desses movimentos nas economias.
Ferraz defende que questões comerciais como o aumento de tarifas entre China e EUA ou medidas protecionistas em setores específicos não causam mais o mesmo nível de turbulência de outros períodos. Segundo ele, isso se deve à maior diversificação das cadeias globais de valore à melhor capacidade analítica dos agentes financeiros em lidar com ruídos geopolíticos.
Além disso, ele observa que o ciclo de alta das taxas de juros nos países centrais — como EUA e Zona do Euro — representa atualmente um fator de muito mais relevância para decisões de portfólio do que políticas tarifárias.
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Foco no cenário macroeconômico global
Segundo Ferraz, há fatores maiores no radar dos investidores. A trajetória de crescimento das economias desenvolvidas, especialmente os Estados Unidos, e os rumos da política monetária do Federal Reserve seguem como os principais pontos de atenção.
Ele também destaca a importância da retomada econômica da China, especialmente nas áreas de consumo interno e infraestrutura, embora a instabilidade do setor imobiliário ainda exija cautela. Para a ASA, é essencial acompanhar essas métricas macroestruturais diante de um cenário que mistura recuperação com incertezas fiscais.
A gestora tem apostado em estratégias de alocação com foco em ações globais de tecnologia e consumo, além de setores ligados à transição energética e reindustrialização. “A descarbonização e a digitalização são os novos vetores de crescimento”, comentou Ferraz no evento.
Brasil em vantagem em meio à transição verde
Durante o XP Expert, Charles Ferraz também mencionou que o Brasil pode ser um dos grandes protagonistas na agenda ambiental, especialmente com a realização da COP30 em Belém, em 2025. Esse protagonismo, segundo ele, vai além do discurso e pode atrair fluxo de investimentos verdesvoltados a agricultura sustentável, energia limpa e infraestrutura resiliente.
Apesar do cenário fiscal incerto no país, Ferraz acredita que a estabilidade política e o controle inflacionário garantem um diferencial para a economia brasileira no médio prazo. “O país deu passos importantes em estabilidade, o que é valorizado por investidores estrangeiros”, resumiu.
Ruídos tarifários versus fundamentos sólidos
Ainda que o mercado não ignore completamente novas tarifas ou medidas protecionistas, a interpretação dominante é que elas perdem força como gatilho centralde volatilidade. Ferraz lembra que as taxas impõem custos, mas raramente resultam em mudanças estruturais profundas, principalmente quando os países já operam com cadeias globais bem estabelecidas.
Em resumo, o investidor hoje prioriza fundamento. Tarifas e ruídos políticos são tratados como elementos transitórios no horizonte de avaliação de ativos. Esse entendimento, segundo o executivo da ASA, representa uma maturidade dos mercados — em que a análise se sobrepõe ao imediatismo de reações impulsivas.
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