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Economistas avaliam impacto econômico das tarifas de Trump

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Economistas avaliam impacto econômico das tarifas de Trump — Economistas analisam em reunião com o Banco Central impacto limitado das tarifas de Trump sobre o Brasil e a economia.

Apesar do barulho provocado pelas tarifas impostas por Donald Trump ao Brasil, economistas reunidos com o Banco Central indicam que os reflexos econômicos são limitados. O debate, ao contrário do esperado, concentrou-se mais nos rumos da inflação e no desempenho da atividade.

Sinais de desaceleração econômica, aliada à projeção de inflação mais controlada, influenciam o debate sobre os próximos passos da política monetária. Mesmo com tensões comerciais, o impacto se mostra mais político do que macroeconômico.

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Perspectivas sobre a inflação

Um dos principais consensos entre os participantes das reuniões com o Banco Central foi a melhora dos cenários inflacionários para os próximos anos. A expectativa é de que o IPCA fique abaixo de 5% em 2025, com projeções entre 4% e 4,5% para 2026. Esse comportamento da inflação, segundo apontam economistas presentes nas discussões, reflete não apenas a estabilidade cambial, mas também a dinâmica mais favorável dos preços dos serviços.

Além disso, os dados do início do ano, que indicavam inflação projetada de até 6,2% para 2025, foram revistos em função de uma desaceleração mais vigorosa da atividade, especialmente no consumo das famílias e no crédito.

Portanto, ainda que o núcleo da inflação siga elevado e acima do centro da meta, a tendência é de melhora contínua. Esse cenário pode influenciar nas futuras decisões do Comitê de Política Monetária (Copom), especialmente para o ano de 2026.

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Atividade econômica em moderação

Outro ponto recorrente nas reuniões foi a constatação de que o ritmo da economia brasileira está diminuindo. Relatos de economistas destacam que o crédito, inclusive no segmento consignado privado, tem apresentado desempenho abaixo do esperado, o que fortalece a tese de desaceleração.

Entre os pontos citados como indícios dessa moderação estão:

  • Piora nos dados de concessão de crédito;
  • Falta de tração no consumo interno;
  • Impacto limitado de estímulos recentes.

Mesmo com esse contexto, as projeções de crescimento do PIB para 2025 ainda não sofreram cortes drásticos. Ainda assim, estimativas acima de 2,5% tornaram-se exceção, e o mercado começa a trabalhar com números mais modestos para o próximo ano.

Essa percepção tende a reforçar a leitura de que a economia está em um ponto de inflexão, com menor pressão sobre os preços e margem para ajustes futuros na política monetária.

Tarifas dos EUA: mais impacto político do que econômico

Apesar da retórica forte envolvida nas tarifas anunciadas por Donald Trump contra produtos brasileiros, os economistas avaliaram que o impacto direto sobre a economia deverá ser controlado no curto prazo. Um dos participantes das conversas com o BC afirmou que a questão tem mais peso qualitativo e político do que efeitos reais e mensuráveis sobre os indicadores.

Nas duas reuniões realizadas, o assunto foi abordado, mas com menor protagonismo do que inflação e atividade econômica. A interpretação predominante foi a de que os impactos, por ora, são simbólicos e não alteram, substancialmente, o cenário macro.

Essa conclusão reflete uma maior maturidade na avaliação dos riscos externos. Embora não se descarte a necessidade de respostas estratégicas ou impactos mais prolongados caso o cenário comercial global se deteriore, o momento é considerado estável do ponto de vista monetário.

Rumos da política monetária

Em relação à taxa básica de juros, a Selic, houve divisões nos cenários apresentados, mas a maior parte dos economistas não enxerga mudanças significativas no curto prazo. A manutenção da taxa nos níveis atuais até o fim do ano é a expectativa mais comum.

Alguns analistas, no entanto, enxergam espaço para um ciclo de cortes ainda em dezembro. Outros preferem aguardar o primeiro trimestre de 2026 para que o Banco Central inicie um processo gradual de afrouxamento.

As estimativas para o piso da Selic no final do próximo ciclo de corte giram entre 12% e 13%. Contudo, muitos participantes ressaltaram que mudanças relevantes na condução econômica em 2026 poderiam reconfigurar este cenário, ampliando ou retardando esse movimento.

Enquanto isso, prevalece a percepção de que o Banco Central deve manter um discurso mais firme, reforçando seu compromisso com o controle da inflação, especialmente se houver aumento da volatilidade nos mercados externos ou novas pressões de preços internas.

Considerações finais

Mesmo sob o pano de fundo de uma guerra comercial com forte componente político, o Brasil parece atravessar um período mais benigno na perspectiva econômica. A melhora nos indicadores de inflação, combinada com sinais de uma atividade em fase de desaceleração, compõem um quadro que permite alguma previsibilidade para as decisões de política monetária nos próximos trimestres.

As tarifas, embora relevantes do ponto de vista geopolítico, não afetam de maneira significativa os fundamentos econômicos no curto prazo. Isso reforça a avaliação de que o principal foco atual deve continuar sendo o comportamento do crédito, da inflação estrutural e da confiança de mercado sobre 2026.

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