Início » Setor de seguros alerta sobre impacto do IOF no VGBL

Setor de seguros alerta sobre impacto do IOF no VGBL

Publicado em
Setor de seguros alerta sobre impacto do IOF no VGBL — IOF sobre VGBL preocupa setor de seguros ao desestimular a poupança de longo prazo e afetar a previdência privada.

O setor de seguros e previdência reforçou seu posicionamento contra a incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nos planos de Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL). A medida, segundo as entidades representativas, compromete a atratividade desses produtos como uma forma eficiente de poupança individual.

A interpretação recente da Receita Federal considera o VGBL como operação financeira para fins de tributação do IOF. No entanto, entidades do setor argumentam que esses planos não têm caráter especulativo nem são comparáveis a aplicações financeiras convencionais.

Inscreva-se em nossa newsletter

Receba gratuitamente dicas, notícias e conteúdos exclusivos para transformar sua vida financeira.

*Ao enviar os dados você concorda com a nossa Política de Privacidade e aceita receber informações adicionais.

Natureza dos planos VGBL

O VGBL é um instrumento de previdência privada complementar, especialmente indicado para quem faz a declaração simplificada do Imposto de Renda. Ao contrário de aplicações financeiras comuns, esses planos possuem uma lógica de longo prazo, com incentivos fiscais para manter o capital investido por mais tempo.

Além disso, diferentemente de fundos de investimentos, a tributação incidente nos planos VGBL já se dá por meio do Imposto de Renda sobre os rendimentos no momento do resgate. Outro ponto relevante é que, enquanto há incidência de IOF regressivo em fundos de curto prazo, o VGBL, por seu propósito previdenciário, não compartilhava dessa taxação até então.

Quer impactar quem entende de finanças?

Divulgue sua marca em um site focado em finanças, investimentos e poder de compra.

Reações do mercado

Diversas entidades do setor manifestaram preocupação com a nova interpretação da Receita Federal. De acordo com a Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), a incidência de IOF sobre o VGBL prejudica o ambiente de poupança previdenciária e pode desestimular a formação de reservas de longo prazo pela população.

A Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) também se posicionou contra a medida. Segundo a entidade, a tributação compromete não apenas os participantes dos planos, mas toda a lógica de incentivo ao planejamento financeiro individual, especialmente em uma sociedade com envelhecimento populacional crescente.

Empresas do setor têm buscado dialogar com o governo para reverter a decisão, destacando o risco de impacto negativo na captação de recursos voltados à previdência complementar, o que pode afetar diretamente o equilíbrio futuro da seguridade social brasileira.

Impactos sobre o investidor

Do ponto de vista do investidor, a cobrança de IOF sobre contribuições ao VGBL pode reduzir significativamente os rendimentos líquidos, sobretudo nas aplicações de curto e médio prazo. Ainda que o objetivo original seja a aposentadoria ou sucessão patrimonial, qualquer transação de entrada pode se tornar menos vantajosa sob o novo regramento.

Por tratar-se de um produto voltado à segurança financeira futura, a tributação adicional pode gerar a migração de investidores para produtos menos indicados para planejamento de longo prazo, mas com menor carga tributária imediata. Isso representa um desalinhamento entre a política pública de incentivo à previdência e a realidade fiscal imposta.

As seguradoras alertam que a medida pode aumentar a hesitação dos consumidores em aderir a esse tipo de produto, especialmente entre as classes médias, que têm na previdência privada uma válvula de segurança contra a incerteza da aposentadoria pública no Brasil.

Caminhos possíveis e debate jurídico

O tema pode avançar para um debate jurídico. A tese sustentada pelas entidades é que o VGBL configura contrato de seguro, e não operação financeira tributável via IOF. O argumento baseia-se no artigo 757 do Código Civil e nas regulações da Superintendência de Seguros Privados (Susep), que tratam o VGBL dentro do escopo de produtos securitários.

O Supremo Tribunal Federal (STF) e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) já analisaram questões envolvendo essa classificação, sendo que em alguns entendimentos foi reconhecido o caráter securitário do VGBL, o que reforça a tese do setor contra o enquadramento como operação financeira.

A expectativa agora está na tramitação de processos ou potenciais ações judiciais que possam reverter a interpretação fazendária. Enquanto isso, há uma mobilização institucional para sensibilizar os órgãos competentes sobre os prejuízos que essa mudança provocaria.

Estratégias do setor frente ao cenário

Ante o novo cenário, as entidades buscam adotar estratégias de mitigação. Algumas medidas propostas incluem:

  • Interlocução junto ao Executivo, especialmente com o Ministério da Fazenda e a Susep, para explicitar a natureza previdenciária do VGBL.
  • Estudos técnicos e notas jurídicaselaborados para reforçar o enquadramento legal do produto como seguro, e não operação financeira.
  • Campanhas de engajamentocom corretores e segurados para esclarecer os impactos da medida e estimular o diálogo público.

O setor também se concentra na proteção do marco regulatório da previdência privada, considerado essencial para reduzir a dependência da aposentadoria pública. A segurança jurídica é apontada como um fator crucial para manter a confiança dos agentes econômicos nas regras vigentes.

Ao inserir o VGBL na base de incidência do IOF, o governo gera incertezas que podem afetar não apenas os investidores atuais, mas também comprometer o crescimento futuro da previdência privada no país. Nesse contexto, o debate se intensifica entre os interesses arrecadatórios imediatos e a construção de uma política sólida de poupança previdenciária de longo prazo.

Leia também:

Publicações Relacionadas

Ao continuar a usar nosso site, você concorda com a coleta, uso e divulgação de suas informações pessoais de acordo com nossa Política de Privacidade. Aceito