O mercado financeiro brasileiro opera com cautela, refletindo a expectativa em torno de medidas do Banco Central no câmbio e de decisões da política econômica. Além disso, acendeu o radar dos investidores a possível votação da revogação do aumento do IOF.
Os olhares também se voltam a declarações do ministro Fernando Haddad e do presidente do Fed, Jerome Powell, que podem trazer novas sinalizações fiscais e monetárias. O cenário internacional influencia diretamente os ativos locais.
O que você vai ler neste artigo:
Atuação do Banco Central no câmbio
Nos últimos dias, o Banco Central adotou medidas para conter a volatilidade da taxa de câmbio. Em meio à depreciação do real frente ao dólar, foram realizados leilões de venda de dólares com compromisso de recompra (swaps cambiais reversos), o que gerou alívio momentâneo nos preços da moeda americana.
Embora a autoridade monetária tenha afirmado que não há um nível específico de câmbio que motive intervenções, o ritmo e o volume das atuações sugerem preocupação com a preservação da estabilidade cambial. A ação visa, sobretudo, reduzir a pressão inflacionária e limitar o repasse cambial aos preços internos.
Adicionalmente, operadores destacam que a atuação do BC tem sido pontual para conter movimentos especulativos, mas reconhecem que os fundamentos ainda pesam. Os fluxos comerciais e financeiros seguem determinando o curso da moeda.
O futuro da política cambial dependerá também da trajetória dos juros nos Estados Unidos e da condução fiscal doméstica. A percepção de risco pode seguir influenciando os fluxos para países emergentes como o Brasil.
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IOF em debate no Congresso
A Câmara dos Deputados pode votar nesta semana a proposta que prevê a revogação do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), implementado no final de 2023. A medida é criticada por diversos setores econômicos, que avaliam o imposto como prejudicial à competitividade e ao crédito.
O governo, por sua vez, argumenta que o ajuste foi necessário para compensar renúncias fiscais e equilibrar o orçamento. Ainda assim, o tema ganhou força na agenda do Congresso após pressão de empresários e parlamentares da base e da oposição.
A votação do projeto pode ter impacto sobre a política econômica e sobre a arrecadação federal. Caso os parlamentares optem pela revogação, o Tesouro Nacional poderá ter que buscar outras receitas compensatórias.
Para os analistas de mercado, a decisão sobre o IOF é mais um teste da articulação política do governo e um indicativo do apetite do Congresso por mudanças no regime fiscal atual.
Foco em Haddad e Powell
No radar dos agentes econômicos também estão as sinalizações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, especialmente quanto às metas fiscais para 2024 e às expectativas para um novo arcabouço tributário. Suas declarações têm peso na calibragem das expectativas de inflação e de juros no Brasil.
Haddad é observado de perto por investidores, que demandam clareza e consistência na condução das contas públicas. Qualquer indício de flexibilização do compromisso fiscal tende a gerar reações imediatas nos juros futuros e no câmbio.
Ao mesmo tempo, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, participa de audiências no Congresso dos EUA esta semana. Suas falas serão monitoradas em busca de pistas sobre o caminho dos juros americanos.
Eventuais menções a riscos persistentes de inflação ou à possibilidade de manutenção de juros elevados por mais tempo, podem impactar os mercados globais, incluindo o Brasil. Isso porque juros mais altos nos EUA tornam ativos emergentes relativamente menos atraentes.
Reflexos nos mercados
Diante desse conjunto de fatores — câmbio sensível, riscos fiscais e incertezas internacionais — o mercado brasileiro tende a seguir operando com volatilidade. A curva de juros futuros se ajusta conforme as sinalizações de Haddad e do cenário externo, enquanto a bolsa de valores reflete o humor global.
Além disso, os investidores aumentam a cautela diante da aproximação do recesso parlamentar e da possibilidade de votações aceleradas, o que pode alterar o equilíbrio fiscal planejado para o segundo semestre.
A reação dos ativos continuará proporcional às expectativas econômicas e ao grau de confiança dos agentes nas medidas fiscais e monetárias.
Em linha com esse ambiente conturbado, outras variáveis, como a trajetória dos preços das commodities — especialmente o petróleo — merecem atenção especial. Com o barril apresentando recuperação, novos impactos podem ser sentidos na inflação e na balança comercial brasileira.
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