Com o dólar pressionado no cenário internacional e uma conjuntura fiscal doméstica que inspira mais confiança, o real tem sido favorecido nas negociações cambiais. Investidores seguem reposicionando suas expectativas, o que traz uma apreciação contínua da moeda brasileira.
Impulsionado por fluxo estrangeiro e juros ainda elevados no Brasil, o câmbio local responde positivamente. Mesmo diante de um ambiente global volátil, o otimismo com o real permanece sustentado por fundamentos internos mais sólidos.
O que você vai ler neste artigo:
Pressão internacional reduz fôlego do dólar
No mercado global, o dólar tem perdido força diante de uma maior aversão ao risco por parte dos investidores e da possibilidade de cortes de juros nos Estados Unidos. Além disso, dados econômicos mais fracos em grandes economias desenvolvidas favorecem moedas emergentes, como o real brasileiro.
A perspectiva de que o Federal Reserve adote uma postura menos agressiva nos próximos meses tem contribuído para reduzir o interesse por ativos denominados em dólar. Assim, moedas de países que mantêm juros elevados e apresentem alguma estabilidade fiscal ganham destaque no cenário cambial.
Outro fator-chave é a evolução geopolítica global. Tensão reduzida em regiões sensíveis, como Oriente Médio e Europa Oriental, ajuda a acalmar o mercado de câmbio, desviando o foco dos tradicionais portos seguros e contribuindo para a valorização de outras moedas.
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Fundamentais internos sustentam o real
O real se destaca, também, por conta da atual política de juros conduzida pelo Banco Central. Mesmo com os recentes cortes, a taxa Selic ainda permanece em níveis elevados, favorecendo o chamado carry trade — quando investidores buscam rendimento em países com juros mais atraentes.
Além disso, as sinalizações da equipe econômica sobre responsabilidade fiscal e controle do orçamento têm agradado o mercado. A proposta de reduzir gastos e cumprir metas ajudou a reduzir prêmios de risco no câmbio, incentivando uma maior entrada de recursos.
As exportações brasileiras seguem fortes, principalmente nos setores de commodities como soja, minério de ferro e petróleo, que continuam gerando saldo positivo na balança. Esse superávit comercial também tem contribuído para a entrada de dólares no país e fortalecimento do real.
Outro aspecto determinante é o fluxo estrangeiro destinado à bolsa e à renda fixa no Brasil. Com um ambiente mais previsível, investidores internacionais gradualmente aumentam sua exposição ao mercado brasileiro, o que também ajuda no recuo da moeda americana frente ao real.
Projeções para o fim de 2024 indicam dólar mais baixo
Com os fatores internos e externos colaborando, analistas revisam suas projeções para a taxa de câmbio. Já há instituições financeiras que trabalham com a possibilidade de o dólar fechar 2024 abaixo de R$ 4,70, dependendo da manutenção do atual ciclo de estabilidade no campo fiscal e monetário.
Os ajustes vão de encontro a uma expectativa de manutenção da entrada de divisas no país, motivada por uma inflação controlada, juros reais ainda interessantes em comparação com países desenvolvidos e menor percepção de risco político.
Principais projeções do mercado para o dólar no fim de 2024:
Instituição | Projeção do dólar (dez/24) |
XP Investimentos | R$ 4,65 |
Bradesco | R$ 4,70 |
Itaú Unibanco | R$ 4,80 |
Banco Inter | R$ 4,60 |
Nesse cenário, há uma visão crescente de que o real pode manter um desempenho acima da média entre os pares emergentes, especialmente se o governo continuar caminhando com as reformas estruturantes e oferecendo previsibilidade ao mercado.
Volatilidade ainda pode afetar trajetória da moeda
Apesar do sentimento positivo, o mercado cambial continua sensível a choques, tanto domésticos quanto no exterior. No Brasil, qualquer ruído político pode colocar em dúvida o compromisso com o ajuste das contas e gerar desvalorização do real.
Do lado externo, novos avanços na inflação americana ou uma reprecificação da política do Federal Reserve podem reacender a força do dólar globalmente. Além disso, incertezas ligadas à China — como a retomada econômica ainda irregular — influenciam diretamente o comportamento das commodities e, consequentemente, o câmbio brasileiro.
A eleição presidencial nos Estados Unidos, marcada para o fim do ano, também será um fator de atenção para os investidores e pode introduzir volatilidade adicional ao mercado.
Mesmo diante desses riscos, o real entra no segundo semestre com força renovada. Se as expectativas se confirmarem, a moeda brasileira poderá encerrar o ano de 2024 no seu melhor patamar desde meados de 2021, sinalizando um momento de maior resiliência frente às oscilações globais.
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