Com um estilo provocador e pouco convencional, o presidente da Argentina, Javier Milei, voltou a chamar atenção com declarações polêmicas sobre impostos. Durante um evento, elogiou abertamente aqueles que sonegam tributos e sugeriu que falta inteligência ou habilidade aos que decidem cumpri-los.
O comentário reforça a postura de enfrentamento do mandatário às estruturas estatais e ao setor público, seguindo uma linha ultraliberal que desafia convenções políticas e econômicas tradicionais no país.
O que você vai ler neste artigo:
Declarações polêmicas acentuam agenda liberal
Ao participar de uma conferência, Milei afirmou que “sonegar impostos não é imoral”, classificando a sonegação como uma resposta legítima do cidadão ao que considera um sistema tributário abusivo. Segundo ele, tributaristas argentinos que conseguem evitar impostos sem quebrar a lei são “heróis” e “gênios”. Já quem paga todos os tributos “provavelmente tem problemas de talento”.
A fala foi recebida com entusiasmo pelo público presente no evento promovido por setores empresariais da direita liberal, mas despertou críticas imediatas de adversários políticos, de entidades fiscais e de economistas especializados em contas públicas.
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Críticas à máquina estatal e defesa do corte de gastos
Desde que chegou ao poder, em dezembro de 2023, Milei tem adotado medidas de forte corte nos gastos públicos e defendido a redução drástica da participação do Estado na economia. Seu discurso ataca frequentemente o que considera um “Estado parasita”, que, segundo ele, consome os recursos da população sem entregar serviços mínimos de qualidade.
Nesse sentido, a defesa da sonegação de impostos insere-se numa lógica maior, de ataque sistemático a tributos que considera excessivos. Contudo, especialistas alertam que esse tipo de declaração pode enfraquecer ainda mais a já debilitada arrecadação pública da Argentina, que sofre para manter serviços básicos devido à crise fiscal.
Reações internas e externas
As reações às falas de Milei foram amplas e polarizadas. Deputados da oposição consideraram as declarações uma afronta ao pacto social e pediram explicações formais ao governo. A Afip, agência argentina equivalente à Receita Federal, divulgou comunicado reforçando a importância do cumprimento das obrigações tributárias como um pilar da democracia.
Fora do país, observadores consideraram as falas preocupantes. Veículos estrangeiros como o Financial Times, Bloomberg e El País destacaram a falha institucional que tais declarações representam, ressaltando que presidentes geralmente têm a responsabilidade de incentivar o respeito às leis e ao bem público, e não o contrário.
Fragilidade institucional e efeitos na confiança
Economistas argumentam que a normalização da sonegação tributária por figuras públicas de alto escalão corroem a já frágil confiança nas instituições argentinas. Com a inflação ainda descontrolada e reservas internacionais em baixos níveis, o país necessita urgentemente de maior confiança dos investidores e mais previsibilidade econômica.
Nesse cenário, declarações de incentivo à evasão fiscal representam um risco adicional. Para analistas, pode haver aumento da desobediência tributária, o que compromete ainda mais os esforços de recuperação financeira do país.
Milei e sua base de apoio ideológica
Apesar da controvérsia, Milei continua mobilizando apoio significativo nas redes sociais e junto a setores empresariais que veem nos cortes fiscais e na redução da burocracia uma esperança de reconstrução econômica. Ele também tem respaldo de grupos libertários internacionais, que defendem a ideia de que a propriedade é inviolável e que a tributação é, por definição, um ato coercitivo do Estado.
Para os defensores dessa linha, a lógica de Milei — embora extrema — é justificada num momento de crise aguda. Contudo, mesmo entre apoiadores, cresce o incômodo com o tom anárquico das declarações e seus possíveis efeitos colaterais na governabilidade.
Em meio à turbulência, o presidente argentino reafirma sua estratégia de ruptura. Ao elogiar sonegadores e criticar quem paga impostos, Milei reforça seu estilo combativo — mas também aprofunda divisões dentro e fora da Argentina, aumentando o clima de incerteza institucional no país.
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