A Berkshire Hathaway, holding liderada por Warren Buffett, decidiu encerrar sua participação no Nubank. A saída foi oficializada por meio de um formulário encaminhado à SEC, órgão regulador do mercado financeiro dos Estados Unidos.
O movimento representa uma reversão da estratégia iniciada em 2021, quando a gestora realizou um aporte expressivo no banco digital antes de sua estreia na Bolsa de Nova York.
O que você vai ler neste artigo:
Fim da posição no Nubank
A Berkshire Hathaway zerou sua participação de 40,18 milhões de ações do Nubank, que equivalem atualmente a cerca de US$ 527,56 milhões. O investimento original, realizado pouco antes do IPO da fintech em dezembro de 2021, foi de aproximadamente US$ 500 milhões. Desde então, os papéis do Nubank valorizaram 45,9%, subindo de US$ 9 para US$ 13,13 até o fechamento do mercado da última quinta-feira.
A venda integral das ações ocorre em um momento de reavaliação ampla da carteira de investimentos da Berkshire. Mesmo com a valorização obtida, a saída sinaliza uma mudança na leitura de Buffett sobre o ambiente financeiro atual, particularmente o setor bancário e financeiro digital.
Outros grandes bancos também foram impactados pelas movimentações recentes do investidor bilionário. A Berkshire zerou sua fatia no Citigroup, além de ter reduzido significativamente as participações no Bank of America e no Capital One Financial, conforme informações divulgadas pela Bloomberg.
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Ajustes na carteira e busca por oportunidades
Com 94 anos, Warren Buffett tem sido cauteloso nas recentes decisões de investimento. O balanço divulgado no fim de março revelou que a Berkshire vem evitando grandes aquisições, acumulando um volume recorde de caixa de quase US$ 350 bilhões. Durante a tradicional reunião anual dos acionistas, realizada no início deste mês, Buffett revelou que a companhia esteve “muito perto” de realizar um aporte de US$ 10 bilhões em um novo negócio, mas optou por recuar no último momento.
Ainda assim, alguns movimentos estratégicos ocorreram. A participação da empresa na Constellation Brands, dona de marcas como a cerveja Corona (nos Estados Unidos), subiu para 6,6%, totalizando cerca de US$ 2,2 bilhões. Além disso, a holding aumentou suas posições na Sirius XM Holdings e na gigante do setor de energia, Occidental Petroleum.
Por outro lado, a Apple continua sendo o principal ativo da carteira de investimentos da Berkshire. A participação na companhia da maçã permaneceu inalterada no primeiro trimestre do ano, consolidando-se como a fatia mais valiosa do portfólio da empresa.
Mercado reage aos movimentos
As ações da Berkshire Hathaway acumulam valorização de mais de 11% neste ano, superando largamente o desempenho do índice S&P 500, que registrou alta inferior a 1% no mesmo período. O volume disponível em caixa, combinado com a seletividade nas alocações, reforça a característica conservadora da gestão de Buffett frente à volatilidade do cenário global.
A decisão de encerrar investimentos em instituições financeiras ocorre em meio a um ambiente mais desafiador para o setor bancário, tanto nos Estados Unidos quanto em outras partes do mundo. No Brasil, por exemplo, o Banco do Brasil divulgou lucro ajustado de R$ 7,374 bilhões no primeiro trimestre de 2025, uma queda anual de 20,7%, refletindo a pressão sobre as margens e o aumento de inadimplência.
Diante de incertezas macroeconômicas, como inflação persistente e mudanças na política monetária, Buffett sinaliza uma postura ainda mais cuidadosa na formação do portfólio da Berkshire. A menor exposição a bancos e a maior concentração em empresas resilientes, como a Apple e companhias de consumo e energia, reforça essa diretriz.
Considerações sobre o desinvestimento
Embora o Nubank tenha se destacado por sua performance desde o IPO e crescido em clientes e receitas, a saída de Buffett sugere que a maturidade do investimento e o reposicionamento da carteira da Berkshire foram os principais motivadores da decisão. O movimento também pode ser interpretado como uma abordagem mais defensiva por parte do megainvestidor, priorizando setores e ativos com maior previsibilidade de retorno.
Em sua trajetória de décadas, Buffett demonstrou por diversas vezes que prefere estar líquido e preparado para grandes oportunidades, mesmo que isso implique abrir mão de investimentos com bom desempenho no momento. A postura atual encontra respaldo nos fundamentos que sustentam sua filosofia de longo prazo: paciência, disciplina e alocação racional de capital.
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