O impacto das dívidas continua a afetar os resultados da Casas Bahia, que encerrou o primeiro trimestre com prejuízo de R$ 408 milhões. A cifra representa um salto de 56% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o prejuízo foi de R$ 261 milhões.
Apesar dos esforços de reestruturação e fechamentos de lojas, a varejista não conseguiu compensar os efeitos do elevado custo da dívida, dos juros altos e das dificuldades operacionais.
O que você vai ler neste artigo:
Resultado financeiro pressionado
O aumento do prejuízo líquido no primeiro trimestre de 2024 é resultado direto da combinação de despesas financeiras maiores com a desaceleração nas vendas. Nesse período, a companhia enfrentou uma queda na receita líquida, que recuou 5%, somando R$ 6,3 bilhões. O desempenho fraco refletiu principalmente o recuo das vendas físicas e a redução dos estoques em lojas estratégicas.
O Ebitda ajustado, indicador que mede o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, fechou o trimestre em R$ 113 milhões negativos. No mesmo intervalo de 2023, o Ebitda já era ruim, com perda de R$ 64 milhões, mas o novo balanço mostra uma deterioração mais acentuada da lucratividade operacional.
As despesas financeiras líquidas tiveram alta de 32%, impulsionadas por juros e variação cambial, alcançando R$ 511 milhões. Isso teve peso direto sobre o resultado final, agravado também por um cenário macroeconômico restritivo ao consumo.
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Retrocesso nas vendas e menor rentabilidade
Com a estratégia de focar em margens e maior eficiência, a Casas Bahia reduziu sua presença no varejo físico, o que incluiu o fechamento de lojas e centros de distribuição ao longo dos últimos trimestres. Ainda assim, esses cortes não foram suficientes para compensar a perda de tração nas vendas.
No canal digital, a performance também foi inferior: as vendas no e-commerce caíram 10%, refletindo tanto o menor fluxo de consumidores quanto a limitação do crédito ao cliente final. A estratégia de precificação mais conservadora, ainda que necessária, resultou em queda na conversão de pedidos.
Internamente, a empresa destacou avanços em algumas frentes operacionais, como maior produtividade por loja remanescente e ganhos em renegociações logísticas e contratuais. No entanto, esses progressos se mostraram insuficientes diante do volume crescente de obrigações financeiras.
Dívida elevada se mantém como obstáculo
A situação do endividamento segue como um dos principais desafios da Casas Bahia. O montante da dívida bruta líquida somava aproximadamente R$ 5,5 bilhõesao fim de março, mesmo após iniciativas de capitalização e venda de ativos.
Além disso, o custo médio da dívida ainda está elevado frente ao retorno operacional negativado. Com a taxa básica de juros estabilizada em dois dígitos no Brasil, o esforço para rolagem ou reestruturação de passivos financeiros permanece limitado.
Com relação ao caixa, a companhia afirmou manter liquidez suficiente para o curto prazo, mas analistas apontam que novas captações podem ser necessáriasao longo do ano. Uma eventual redução no ritmo de perdas será condição essencial para recuperar a confiança do mercado.
Perspectivas e reestruturação em curso
A Casas Bahia confirmou que seguirá com a reestruturação operacional nos próximos trimestres. O plano inclui ajustes no sortimento de produtos, foco em eficiência logística e priorização de lojas rentáveis. Adicionalmente, a empresa aposta em novas tecnologias para integrar canais físicos e digitais de maneira mais ágil.
Por outro lado, a pressão de custos e a lentidão na retomada do consumo das famílias ainda pesam, o que limita melhorias rápidas. Investidores acompanham de perto os impactos dos cortes de despesas e esperam uma possível redução do prejuízo nos próximos balanços.
A reestruturação em andamento acena com uma estratégia de sobrevida importante, mas os números deste trimestre revelam que será um caminho complexo e, possivelmente, demorado. O foco da gestão em desalavancar a empresa e gerar caixa líquido positivo será crucial para o futuro da marca.
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